Para a administradora, a intervenção teve teor homofóbico e preconceituoso.
A administradora catarinense Karina Ramos relatou que passou por uma situação constrangedora na sexta-feira (11/12/20). Ela e a mãe tiravam uma foto juntas, na Praia do Sueste, em Fernando de Noronha, quando foram abordadas por um funcionário do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que teria recebido uma queixa “por conta do ato entre as duas mulheres”.
O funcionário realizou a abordagem cerca de cinco minutos após o registro. Karina relatou ao Portal G1 que estava acompanhada do marido, da mãe e do padrasto quando o fiscal se aproximou da família.
“Ele não foi grosseiro, mas chegou perguntando ‘vocês conhecem as regras do Parque?’ e achamos que podíamos ter feito algo de errado, nadado em alguma área imprópria. Daí ele falou: ‘é porque eu recebi uma queixa de um pessoal ali de cima por conta do ato entre as duas mulheres’. Ninguém entendeu”, contou Karina.
Após algum tempo, ela percebeu que a queixa se devia ao fato das duas terem tirado a foto abraçadas. Com isso, a administradora informou ao homem que elas são mãe e filha. Na sequência, segundo Karina, o fiscal disse que era para as mulheres esquecerem o que havia ocorrido e não se preocupar.
Para a administradora, a intervenção teve teor homofóbico e preconceituoso.
“Eu já me dei conta na hora que era por conta de algo preconceituoso, homofóbico. A gente estava viajando há seis dias, cada uma com seu marido, e não tinha acontecido nenhum problema. Quando dissemos que éramos mãe e filha, eu vi que ele [fiscal] ficou todo sem jeito”, disse Karina.
Na saída do local, a família ainda se deparou com um ato de vandalismo: o vidro dianteiro do buggy que estavam utilizando havia sido quebrado. Karina tentou oficializar uma queixa junto à polícia, mas não conseguiu. O delegado informou à administrado que o Boletim de Ocorrência não iria isentar o pagamento dos danos causados ao veículo.
Devido à demora em registrar o caso, a família não conseguiu esperar até que fosse oficializada a queixa, pois precisava pegar o voo de retorno para casa. Com isso, a administradora optou por relatar o ocorrido na internet e fazer uma reclamação na ouvidoria do ICMBio. No entanto, ela não obteve retorno do instituto.
Por meio de nota, a EcoNoronha, concessionária responsável por prover serviços de infraestrutura, alimentação, recepção de público e conscientização ambiental no Parque Nacional Marinho, disse ter entrado em contato com Karina “como forma de se solidarizar e demonstrar acolhimento, repudiando toda e qualquer forma de discriminação que a família possa ter sofrido”. A empresa também afirmou ter fornecido as imagens disponíveis ao ICMBio.
Por Redação do Jornal Brasília com informações de Sandra Barreto da Gazeta do DF
Foto Karina Ramos/Arquivo pessoal