A data de 14 de abril está marcada no calendário como Dia Internacional da Doença de Chagas. A enfermidade, transmitida pelo inseto triatomíneo, popularmente chamado de barbeiro, pode levar mais de 20 anos para se manifestar. No Distrito Federal, porém, a doença não é uma ameaça.
Dos 931 barbeiros capturados no DF entre 2019 e 2021, apenas 46 estavam contaminados com o protozoário que causa a doença de Chagas
A gerente de Vigilância das Doenças Transmissíveis (GVDT/Divep), Kenia Oliveira, destaca que as autoridades de saúde se mantêm em “constante vigilância de casos em humanos com exposição a esses insetos infectados”. Nos últimos anos, não houve registros de infecção aguda aqui.
A infecção ocorre da seguinte forma: o inseto pode carregar nas fezes o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença. O barbeiro libera os dejetos na pele do ser humano enquanto suga o sangue. A pessoa, então, sente coceira, leva a mão ao local da picada e acaba fazendo contato das fezes com a pele, contaminando a corrente sanguínea.
A transmissão pode ocorrer ainda de mãe para filho durante a gravidez. Por isso, a GVDT também monitora mulheres gestantes. “Mas até o momento não temos notificações de casos agudos da doença”, assegura Kenia Oliveira.
Nos últimos três anos, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival), responsável pelo controle dos vetores de doenças endêmicas e de animais peçonhentos, capturou 931 barbeiros, sendo 204 no ano passado, 607 em 2020 e 120 em 2019. Dos 931 barbeiros capturados entre 2019 e 2021, apenas 46 estavam contaminados com o protozoário que causa a doença de Chagas.
Quem encontrar um barbeiro pode capturá-lo com cuidado, evitando contato direto, e levá-lo a um dos 83 postos de informações de triatomíneos (PITs) espalhados pelo DF
Como proceder
Quem encontrar um barbeiro pode capturá-lo com cuidado, evitando contato direto, e levá-lo a um dos postos de informações de triatomíneos (PITs) espalhados pelo DF. Há 83 deles pela capital, sendo 67 em escolas, postos de saúde e ou outras entidades públicas.
Outros 15 ficam nas sedes dos Núcleos Regionais da Vigilância Ambiental em Saúde/Inspetorias, um na Universidade de Brasília (UnB) e outro na sede da Dival. A lista com todos os endereços pode ser consultada no site da Secretaria de Saúde.
Quando não for possível o deslocamento, os servidores da Dival também podem ir ao local onde o inseto suspeito foi encontrado. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, exceto feriados e finais de semana. Se houver a confirmação de que se trata de um barbeiro, são acionadas medidas de controle.
Uma vez confirmado que o inseto encontrado é um triatomíneo, uma equipe da Dival realiza a inspeção minuciosa e borrifação para evitar que o barbeiro se instale na residência. Quando o barbeiro é localizado em um dos cômodos internos do imóvel, todos os moradores são submetidos a análise sorológica para descartar qualquer possibilidade de transmissão pelo vetor contaminado.
A pesquisadora em Ciências da Saúde Vilma Ramos Feitosa, bióloga da Dival, reforça o papel do morador na vigilância contra o inseto. “O barbeiro só aparece à noite, para se alimentar. Na busca diurna é possível encontrá-lo, mas é muito difícil, porque ele se esconde bem para ninguém o incomodar. A importância do morador é essa: aquele que mora e cuida verá com mais precisão qualquer inseto suspeito”, diz.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF
Por Agência Brasília com informações de PH Paiva
Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz