Gibiteca do Espaço Cultural Renato Russo será reaberta nesta quinta (21)

Agora batizada de TT Catalão, local recebe exposição com trabalhos de 25 artistas até 5 de junho

0
37742

“A Gibiteca TT Catalão reabre como uma das mais importantes do país, com acervo vasto e raro. Queremos estimular a difusão de um polo de criadores no DF”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa

O “templo dos quadrinhos” vai reabrir no dia em que Brasília completa 62 anos, nesta quinta (21), às 15h, em cerimônia com participação da Orquestra Popular Marafreboi. A expressão – recuperada no texto de parede do jornalista Celso Araújo para uma mostra comemorativa da recuperação da gibiteca – denota a forma solene pela qual fãs dessa arte já se referiam à seção da antiga Biblioteca de Artes Ethel Dornas no Espaço Cultural 508 Sul, nome do equipamento em 1993.

Chamado Espaço Cultural Renato Russo (ECRR) desde 1999, o local, que é gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), passa a abrigar agora um lugar dedicado aos quadrinhos, batizado de Gibiteca TT Catalão. Trata-se de homenagem a seu fundador, o jornalista, poeta e ativista cultural Vanderlei dos Santos Catalão, falecido em 2020. Na criação da gibiteca, ele doou sua coleção de quadrinhos para o equipamento público.

Depois de receber investimento de R$ 80 mil em novo mobiliário e identidade visual, a renovada gibiteca conta com 120 metros quadrados, que abrigam 23 mil exemplares de diversos gêneros: HQs de super-heróis, mangás, gibis infantis e graphic novels.

“A Gibiteca TT Catalão reabre como uma das mais importantes do país, com acervo vasto e raro. Queremos estimular a difusão de um polo de criadores no DF”, anuncia o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.

O local conta com nova decoração, composta por 20 quadros pintados pelo ilustrador e quadrinista pernambucano Jô Oliveira, uma referência da nona arte no Brasil. As ilustrações dele já estiveram nas paredes da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, ligada ao governo federal, na 506/507 Sul, que ficou fechada entre 2014 e 2021 e desativou o espaço outrora dedicado a HQs, o que motivou o artista a recuperar os trabalhos, doando-os à Secec.

Na entrada da gibiteca, há um mural assinado pelo ilustrador, quadrinista, doutor em comunicação social e professor universitário Raimundo Lima Neto que registra o testemunho dele sobre o espaço como ponto de encontro dos aficionados por HQ.

“No Espaço Cultural da 508 Sul, eu frequentei a gibiteca, participei de eventos de RPG (Role Playing Games, jogos de representação), assisti a exibições de desenhos animados japoneses e compareci aos encontros dos fã-clubes das séries Arquivo X e Star Trek’”, conta Lima Neto.

Exposição

Para comemorar a reinauguração da gibiteca e celebrar a importância do local na formação de artistas locais, a gerente do Espaço Cultural Renato Russo, Marmenha Rosário, programou uma exposição na Galeria Parangolé (voltada para a avenida W3), com 41 trabalhos de 25 autores.

Jô Oliveira participa da exibição com dois trabalhos: uma ilustração sobre o romance Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa, e uma capa da revista Risco, criada por artistas gráficos da capital federal e do círculo da Universidade de Brasília (UnB).

A publicação independente teve três edições nos anos 1970. Jô estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na década de 1960 e saiu do país na década seguinte, indo cursar a Escola Húngara de Desenho Industrial.

O ilustrador pernambucano tem grande influência do traço do cordel, que o inspira em muitos trabalhos. Entende que seu desenho é marcado pela arte naïf, um conceito que designa a produção artística autodidata. Ele, que também estudou animação, conta que na biblioteca da instituição húngara foi muito influenciado por ilustrações de bíblias medievais.

Historiador, ilustrador e cartunista, Luigi Pedone também participa da mostra. Com duas dezenas de livros publicados, deu oficinas no ECRR entre 2009 e 2012. “Eu matava aula para ir para a 508 Sul num momento muito bom do espaço cultural, quando o diretor era o TT Catalão. O Gersion (de Castro) ficava lá. Eu saía da gibiteca para ir para a aula de desenho. Ficava a tarde toda lá. Foi uma escola para artistas como eu”, conta.

Gersion de Castro, artista plástico brasiliense e especialista em educação e patrimônio cultural e artístico, é servidor da carreira de atividades culturais há 28 anos e realiza curadoria de mostras desde 1998. Em 2000, ele deu início a uma série de mostras coletivas e individuais com o projeto Gibiteca em Movimento.

“Fui convidado, no ano passado, a ajudar na pesquisa histórica para a reabertura da gibiteca. Assim, propus a realização de mostra de desenhos, reunindo antigos frequentadores do Renato Russo, convidando desenhistas de mostras que realizamos há 22 anos e também novos desenhistas para essa mostra coletiva”, explica Gersion.

Marmenha fala emocionada sobre devolver a gibiteca ao público da cidade: “É um local de afeto, importante na formação de gerações e que proporcionou transformações por meio da cultura. Esperamos, com a nova gibiteca, reativar esse potencial mais uma vez”.

Serviço

Gibiteca TT Catalão
Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul, Bloco A)
Cerimônia de reabertura da Gibiteca: quinta-feira (21), às 15h
Visitação da exposição: até 5 de junho

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Por Agência Brasília com informações de PH Paiva

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília