Bebês prematuros, com cardiopatias, alguns pesando menos de um quilo, são os pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Para atender pacientes tão frágeis e muitas vezes graves, o HRC conta com uma equipe multidisciplinar composta por mais de 100 profissionais, entre médicos neonatologistas e pediatras, enfermeiros, técnicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. Todos juntos cuidam da saúde física e mental dos recém-nascidos e de seus familiares. A ocupação dos 25 leitos existentes no setor varia entre 90% e 95%.
A Unidade de Neonatologia do HRC conta com três unidades para tratamento de crianças prematuras ou que nascem com algum problema de saúde. A primeira delas é uma UTI com dez vagas, destinada aos casos mais graves, para onde vão os recém-nascidos que necessitam de cuidados mais intensos. A segunda, Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais, também com dez leitos, se destina a bebês já em fase de recuperação, que superaram o primeiro estágio.
Por último, há a Unidade Canguru, com cinco leitos, que recebe bebês mais próximos de deixarem o hospital. Nesta fase, as crianças ficam unidas às mães por faixas, como cangurus. De acordo com a supervisora de Enfermagem do hospital, Raissa Sousa, durante todo o tempo em que os recém-nascidos permanecem na UTI, as mães são preparadas para cuidar das crianças quando estas deixarem o hospital.
O casal Mirian Vitória, 17 anos, e Gustavo Lopes, 32, estão na expectativa de a filha Maria Cecília deixar a UTI e ir para casa. A pequena Maria Cecília nasceu no dia 19 de dezembro, com 31 semanas de gestação e 1,5 kg. “Recebi alta, mas é difícil ir para casa sem ela, embora saiba que ela está em boas mãos”, diz a mãe. O pai também segue confiante em relação ao desenvolvimento da filha. “Minha primeira filha. Não esperava que fosse assim, mas vou esperar. Eles aqui nos ensinam como agir. Ela está melhorando a cada dia”, destaca Gustavo. Maria Cecília segue se fortalecendo.
“O perfil da comunidade atendida por nossa unidade é de um público vulnerável, de mães menores de idade, de baixas renda e escolaridade, características que influenciam diretamente nos bebês e na chegada à nossa unidade. Temos desde bebês prematuros até de termo [nascem no tempo correto] com alguma má formação”, explica Raissa.
Raissa ressalta que o papel do profissional de saúde que trabalha com a neonatologia é facilitar o desenvolvimento da criança que nasce prematura. “É muito importante a nossa atuação como profissional para reduzir os danos e as sequelas no desenvolvimento dessa criança”, frisa a enfermeira. “Também precisamos acolher as famílias para que elas se sintam seguras. É um processo difícil”, diz.
Acolhimento
Segundo a psicóloga da Unidade de Neonatologia do HRC, Denise Percílio, quando nasce um bebê prematuro, nasce uma família prematura. “Imaginam-se as melhores fantasias maternas e paternas durante a gestação de uma criança, com ela nascendo de termo, chorando ao nascer, mamando e, de repente, é uma gestação que se interrompe antes do esperado. Quando isso acontece, já há um conflito entre o bebê real e o imaginário. Nós, da equipe, precisamos entender esse bebê e sua família. Estar na neonatologia não é algo mecânico, é preciso ouvir muito mais do que falar”, destaca Denise.
Denise conta que também é frequente o atendimento de mães usuárias de drogas e ou em situação de vulnerabilidade social. “Na nossa equipe, trabalhamos em consonância com a assistência social para entender as histórias das famílias”.
Por Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília / Reprodução Agência Brasília