Terremoto na Síria e Turquia deixa mais de 1.500 mortos

O tremor foi sentido às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros

0
243
This aerial view shows residents looking for victims amidst the rubble of a collapsed building following an earthquake in the town of Jandaris, in the countryside of Syria's northwestern city of Afrin in the rebel-held part of Aleppo province, on February 6, 2023. - Hundreds have been reportedly killed in north Syria after a 7.8-magnitude earthquake that originated in Turkey and was felt across neighbouring countries. (Photo by Rami al SAYED / AFP)

Mais de 1.500 pessoas morreram, e milhares ficaram feridas por um devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia e o norte da Síria, nesta segunda-feira (06/02), com tremores sentidos até na Groenlândia. 

Na Turquia, onde foi registrado o epicentro do terremoto, pelo menos 912 pessoas morreram e quase 5.400 ficaram feridas, segundo o último balanço divulgado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. Pelo menos 2.818 prédios desabaram com o tremor, o que sugere um número de vítimas muito maior.

Na vizinha Síria, o terremoto provocou ao menos 592 mortes: 371 pessoas morreram, e 1.089 ficaram feridas em áreas controladas pelo governo, enquanto as buscas sob os escombros ainda estão em andamento, segundo o Ministério da Saúde sírio citado pela agência oficial de notícias SANA.

Os Capacetes Brancos, que operam nas áreas controladas pelos rebeldes na Síria, disseram que houve pelo menos 221 mortos e 419 feridos nesses setores.

O tremor foi sentido às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). 

O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria. 

Um novo terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, de acordo com o USGS. Também houve cerca de 50 tremores secundários, de acordo com Ancara. 

Os tremores do terremoto foram sentidos até a Groenlândia, de acordo com o Instituto Geológico Dinamarquês.

É muito provável que o saldo aumente rapidamente, levando-se em conta o número de prédios desabados nas cidades mais afetadas, como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir, no sudeste da Turquia.

Devido ao horário do terremoto, de madrugada, a maioria das pessoas estava dormindo em suas casas.

“Minha irmã e seus três filhos estão sob os escombros. Também seu marido, seu sogro e sua sogra. Sete membros da nossa família estão sob os escombros”, disse à AFP Muhittin Orakci, ao testemunhar as operações de resgate em frente a um prédio em ruínas em Diyarbakir. 

“A irmã dele ainda está sob os escombros”, disse uma mulher, apontando para outra vítima inconsolável na mesma cidade. 

Aeroportos bloqueados

Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região, devido a tremores secundários que poderiam gerar explosões. 

O Curdistão iraquiano informou que suspenderá as exportações de petróleo através da Turquia como precaução.

Este é o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999, que causou 17.000 mortes, mil delas em Istambul.

Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, pelo menos três dos aeroportos da zona afetada, Hatay, Maras e Gaziantep, foram fechados ao tráfego. A neve e as tempestades que atingiram a região impediram o tráfego em outros aeroportos, incluindo o de Diyarbakir, constatou a AFP. 

“Ouvimos vozes aqui e ali. Achamos que talvez 200 pessoas estejam entre os escombros”, disse uma equipe de resgate em Diyarbakir, de acordo com uma transmissão da NTV.

Algumas imagens na televisão turca e nas redes sociais mostram pessoas assustadas, de pijama, vagando pela neve, enquanto observam equipes de resgate vasculhando os escombros de suas casas. 

Enquanto isso, a televisão estatal síria relatou o desabamento de um prédio perto de Latakia, na costa oeste do país.

A mídia pró-governo informou que vários prédios desabaram parcialmente em Hama, no centro da Síria, onde bombeiros e equipes de resgate tentavam resgatar um sobrevivente dos destroços. 

O chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, Raed Ahmed, disse à rádio oficial que este foi, “historicamente, o maior terremoto já registrado”. 

O terremoto provocou cenas de pânico. Muitos moradores saíram às ruas, apesar da chuva torrencial.

Os Capacetes Brancos disseram que a situação é “catastrófica” e pediram às organizações humanitárias internacionais para “intervir rapidamente” para ajudar a população local.

Ajuda internacional

O presidente turco, cuja forma de lidar com essa tragédia pesará muito nas disputadas eleições de 14 de maio, pediu união nacional. 

“Esperamos sair juntos desta catástrofe, o mais rápido possível e com o menor dano possível”, tuitou.

A União Europeia (UE) e muitos de seus países-membros anunciaram o envio de ajuda e equipes de resgate. O mesmo foi feito por Estados Unidos, Israel, Índia e Ucrânia. 

O presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas condolências aos líderes turco e sírio e se ofereceu para “fornecer a ajuda necessária” da Rússia após esta tragédia.

O Azerbaijão, país próximo da Turquia, anunciou o envio imediato de 370 socorristas, segundo a agência oficial de notícias turca. 

A Turquia está localizada em uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo. 

Especialistas alertam há muito tempo que um grande terremoto poderia devastar Istambul, que permitiu construções generalizadas sem precauções. 

Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu Elazig em janeiro de 2020, matando mais de 40 pessoas. Em outubro desse mesmo ano, outro de magnitude 7,0 sacudiu o Mar Egeu, deixando 114 mortos e mais de 1.000 feridos.

© Agence France-Presse

Por Redação do Jornal de Brasília

Foto: Rami al SAYED / AFP / Reprodução Jornal de Brasília