Cerca de 100 mil fiéis foram ao Morro da Capelinha nesta sexta-feira (29/3)

Muita emoção e demonstração de fé marcaram a encenação da Paixão de Cristo, nesta sexta-feira (29/3), em Planaltina. Via Sacra contou com 1.100 atores e 300 pessoas na equipe técnica, todos voluntários

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Milhares de fiéis foram ao Morro da Capelinha, em Planaltina, para prestigiar a famosa encenação da Paixão de Cristo, nesta sexta-feira (29/3). A chuva, que cai no dia do espetáculo todos anos, dessa vez não veio e o público enfrentou sol e calor para acompanhar a trajetória de Jesus desde o julgamento até a crucificação e ressurreição.

São mais de 900 metros de caminhada desde a entrada até o alto do morro, onde o espetáculo termina. O esforço físico do público para acompanhar o espetáculo a céu aberto é mais uma lembrança dos últimos momentos de Jesus antes de morrer.

Um total de 1,1 mil atores contam a história do calvário do filho de Deus. O público pôde ver de perto o espetáculo realista representando alguns dos momentos emblemáticos da Paixão de Cristo, como o julgamento, prisão e a coroa de espinhos sendo colocada. Já nas proximidades do ponto de crucificação, a atriz que interpreta Verônica se aproxima de Jesus para enxugar o seu rosto, um dos principais símbolos de piedade do cristianismo. O rosto de Jesus fica marcado no véu, que é exposto ao público. Também há o momento em que Jesus não consegue mais carregar a cruz, momento em que Simão de Cirene assume a missão por um trecho.

No início da noite, o público se concentra nas proximidades do alto do morro, onde ocorre o clímax do espetáculo: a crucificação. “Isso aqui é um espetáculo a céu aberto. Estou muito encantado com o cenário, a encenação, os figurantes. Está tudo maravilhoso”, disse o militar, Juarez Lima, 59 anos. Foi a sua primeira vez no espetáculo do Morro da Capelinha, acompanhado pelos filhos, esposa, nora e neto. “A encenação é importante para marcar na memória de todos que assistem a esse momento importante para a história da humanidade, para a qual Jesus deu a própria vida”, refletiu Juarez, que também vê o momento como uma oportunidade de reunir a família.

A encenação de 2024 também foi a primeira vez de Alexandre Andrade, que estava acompanhado do filho, da esposa e da comadre. “É uma tradição reportada para o Brasil inteiro. É um simbolismo importante para a data. Este ano, senti a vontade de vir e vim. Desde criança, tenho curiosidade com a encenação do Morro da Capelinha”, revelou o analista de sistemas e morador de Águas Claras.

Já Davi Frota, 20, veio do Guará para Planaltina especialmente para ver a montagem. O editor de vídeo contou que foi a terceira vez dele no evento. “O meu momento preferido é a ressurreição. Os atores são muito bons. Acredito que seja muito tempo de ensaio porque eles entregam um espetáculo irretocável. Tudo feito com cuidado”, observou. “A própria experiência de subir o morro e enfrentar sol e chuva, relembra o sacrifício de Jesus. Saio daqui pensativo de como devo levar a minha vida”, acrescentou.

Turismo

Ao Correio, o secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo, apontou a importância do evento para o turismo e economia da região. “É uma festa que espera milhares de pessoas. Além de ter um significado muito forte para a população religiosa, é uma festa que atrai milhares de turistas de todo o Entorno do Distrito Federal. É uma festa que ajuda a fomentar o desenvolvimento da economia por meio do turismo. Brasília tem uma vocação gigantesca para o turismo histórico e religioso e Planaltina tem protagonismo nesse sentido. A cada ano percebemos um empenho maior da comunidade em fazer acontecer essa festa, que foi interrompida por conta da pandemia, mas retornou com muita força”, enfatizou.

Segurança

A Via Sacra do Morro da Capelinha contou com a Cidade da Segurança Pública, estrutura que montada para abrigar viaturas e equipamentos e serviram como base para o efetivo empregado no dia. Os policiais militares estiveram no local a partir das 6h de ontem. Para melhor fluidez do trânsito e segurança dos pedestres, foram realizadas intervenções pelos órgãos de trânsito. 

*Colaborou Suzano Almeida

Por Naum Giló do Correio Braziliense

Foto: Carlos Vieira/CB / Reprodução Correio Braziliense