Os micro e pequenos empresários do Distrito Federal terão oportunidade para entrar no mercado internacional. O Exporta DF, programa lançado na última terça-feira (2), é uma iniciativa da Federação das Indústrias do DF (Fibra-DF), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN-DF), braço da instituição que visa facilitar esse processo, ajudando com a capacitação, auxílio com burocracias, documentos, exigências alfandegárias, entre outros.
Uma pesquisa realizada pela CIN-DF indica que mais de 70% das empresas locais não exportam, mas que mais de 65% delas têm interesse em entrar no mercado internacional. Os principais motivos apresentados no levantamento que impedem tais empresas de alcançar o objetivo são a falta de conhecimento em dois diferentes tipos de processos: os aduaneiros e os burocráticos para a exportação.
“Foi pensando em sanar essas lacunas que o Exporta DF foi criado. E com a preocupação de dar apoio às lideranças femininas, o ciclo de 2024 atenderá o setor de moda e vestuário do DF”, afirmou a gerente do CIN-DF, Viviane Brunelly. “O processo de internacionalização é um vetor de desenvolvimento econômico para nossa cidade e para o aumento da competitividade das empresas do DF.”
O Exporta DF é uma parceria da Fibra com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no DF (Sebrae-DF), o Banco de Brasília (BRB), a Universidade Católica de Brasília (UCB), a Secretaria de Relações Internacionais do DF, os Correios e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O primeiro ciclo do projeto conta com o apoio do Sindicato das Indústrias do Vestuário (Sindiveste-DF).
Serão três etapas principais a serem trabalhadas dentro do processo de internacionalização das empresas no Exporta DF. A primeira é a de conhecimento, no aprendizado sobre os processos de exportação; a segunda é a de adequação de produtos para o mercado internacional, com o apoio do Sebrae e da CNI. A terceira etapa consistirá na conexão das empresas locais com o mercado internacional, por meio de uma ação de colaboração e parceria da ApexBrasil.
No evento de lançamento, 14 marcas se apresentaram em um desfile no Sesi Lab como as primeiras dentro do Exporta DF. As empresas que desejam participar do programa devem entrar no site da Fibra-DF e preencher o formulário de interesse.
Potencial reprimido
De acordo com o presidente da Fibra-DF, Jamal Jorge Bittar, o lançamento do projeto retrata o sucesso e o potencial de Brasília em se lançar para o mundo de maneira ainda mais efetiva e intencional. “O projeto está lançado. Esse é um ponto de partida muito importante”, disse ao Jornal de Brasília.
“Começaremos com o setor de vestuário, que é um segmento muito talentoso e criativo no DF. E daremos oportunidade para todos. O CIN vai trabalhar bastante e esperamos que a classe empresarial seja motivada a buscar os instrumentos que apresentamos para poder se qualificar para o mercado internacional”, disse o presidente da Fibra-DF.
Jamal destaca que é importante que o setor produtivo como um todo tire proveito do novo projeto de internacionalização para que haja uma mudança no horizonte de Brasília”, principalmente com a quebra do estereótipo de que é a cidade é meramente administrativa – na visão do presidente, Brasília não se restringe a esse conceito em vista das diversas atividades realizadas e produtos produzidos na capital.
“Eu vejo com muito otimismo o desenvolvimento desse projeto, com a Apex envolvida, a Secretaria de Relações Internacionais, o GDF, a Confederação Nacional da Indústria, então sempre muito otimista. Creio que vai avançar bastante e criar muitos subprodutos a partir desse projeto.”
Jamal Jorge Bittar
O vestuário é o primeiro setor a ser beneficiado com o projeto por ser um tema abrangente na capital, segundo Jamal, mas há outros segmentos no radar para serem abarcados no futuro, como o de tecnologia, de alimentos, de grãos, entre outros. A intenção é que cada área esteja engajada em consequência das ações do projeto.
Brasília, segundo ele, já é uma cidade internacional, uma vez que é patrimônio histórico mundial e há mais de 100 embaixadas na capital. “Tudo o que trazemos para Brasília reproduz bastante porque temos holofotes apontados para a capital. Agora temos que trazer esses atores para esses holofotes e esse é o papel da Fibra-DF”, finalizou Jamal.
Boas perspectivas
A empresária Violeta Bucar, proprietária da HLOS – High Level of Style, foi ao Sesi Lab com o sócio Tiago Liporini para participarem do desfile e como uma das primeiras marcas a entrar no programa do Exporta DF. A empresa é focada na bolsas, sandálias e acessórios com couro de Pirarucu, peixe tipicamente brasileiro. “É bem animador porque ainda não havia uma união tão grande de instituições para fortalecer o mercado daqui de Brasília nessa parte de internacionalização”, afirmou.
“Ficamos super animados, vemos a que ponto a gente pode chegar com esse apoio. Se fôssemos sozinhos, seria uma trajetória muito lenta que teríamos que fazer e lutar. Para nós é algo muito inspirador e nos dá muita motivação. Quando criamos a HLOS, há seis anos, nosso plano sempre foi de internacionalização”, destacou a empresária.
De acordo com ela, a capacitação, o entendimento e a participação em rodadas de negócios por si só seria um caminho muito maior e mais trabalhoso – e também mais oneroso para a empresa. Portanto, a oportunidade, segundo ela, é única para o DF. “Com esse empenho de todos juntos, agora creio que o projeto decola mesmo”, disse.
Cecília Rosa, proprietária da Sun Rose, empresa especializada em trajes de banho femininos, entende que Brasília tem um potencial ainda não explorado no mercado internacional. “É um passo extremamente importante e o desenvolvimento de Brasília como fábrica e indústria ainda é precário. Esse apoio está sendo fundamental para todas as marcas se desenvolverem e seguirem todos os protocolos para estarem fora do Brasil”, disse.
“Temos produtos fenomenais aqui, com uma qualidade muito boa, que com certeza vai alcançar o mercado internacional e ter uma qualidade até superior a outras internacionais de design e outros aspectos. Tenho certeza que vai ser um sucesso”, continuou.
Um dos pontos positivos para a marca entrar no mercado exterior, segundo ela, é o alto valor dado aos biquínis brasileiros internacionalmente. “Estou muito ansiosa e super empolgada porque podemos intercalar entre as altas e baixas temporadas do Brasil e de outros países, que costumam ser inversos. […] Para quem trabalha com a moda praia, essa característica casa muito bem com a exportação para crescer, diversificar mercado e manter toda a cadeia girando.”
Por Vitor Mendonça do Jornal de Brasília
Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília / Reprodução Jornal de Brasília