Inglês na Estrutural: voluntários de região periférica celebram educação como ferramenta de transformação

O Inglês na Estrutural nasceu em 2014, no Coletivo da Cidade, uma organização comunitária que atende crianças e adolescentes no contraturno escolar com atividades educativas e culturais

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A cerca de 18 quilômetros de Brasília está a Cidade Estrutural, uma das áreas mais vulneráveis do Distrito Federal. É lá que o projeto voluntário Inglês na Estrutural transforma sábados comuns em oportunidades de aprendizagem e esperança através da dedicação de diversos voluntários.

Para Tânia Araújo, de 64 anos, a decisão de se voluntariar surgiu depois de sua aposentadoria em 2021. “Eu estava cansada de ficar parada e queria fazer algo edificante”, conta. Ao descobrir o projeto no Instagram, não teve dúvidas: inscreveu-se e, desde então, tem dado aulas de inglês todos os finais de semana com muita satisfação. 

Tânia, que é professora aposentada vinda do Rio de Janeiro, trabalhou por muitos anos em escolas de áreas carentes. Quando se mudou para Brasília, encontrou no Inglês na Estrutural a chance de continuar seu propósito: “Eu não conseguiria ficar em casa com todo o conhecimento que adquiri guardado. Passar isso adiante é da minha natureza”.

“A gente não ensina só inglês, mas também disciplina e autoestima”.

Ensinar também é aprender

Outro voluntário que encontrou no projeto uma forma de compartilhar seu conhecimento é Charles Almeida, 35 anos, técnico em informática e estudante de Engenharia da Computação. Embora seu foco não seja o ensino de idiomas, há dois meses ele viu na iniciativa uma oportunidade de introduzir a robótica como uma atividade lúdica e educativa.

“É bom ter atividades lúdicas voltadas para o ensino de robótica, porque a robótica é o futuro”, afirma Charles. Aos sábados, ele dedica seu tempo a ensinar conceitos básicos da disciplina, como montagem de motores e robôs simples. A parceria com a startup Br.ino permitiu que ele e outros voluntários implementassem essas oficinas no projeto.

Para Charles, cada aula é um aprendizado mútuo. “Ensinar robótica é entender como essa nova geração pensa. Eles têm muita vontade de aprender e eu evoluo junto com eles”, diz. A perspectiva de ver seus alunos participando de competições de robótica no futuro é uma das maiores motivações do voluntário: “Daqui a alguns anos, quero vê-los em competições de robótica aqui em Brasília e fora também”.

O projeto Inglês na Estrutural

O Inglês na Estrutural nasceu em 2014, no Coletivo da Cidade, uma organização comunitária que atende crianças e adolescentes no contraturno escolar com atividades educativas e culturais. A professora Luciana van Tol iniciou o projeto dando aulas aos sábados, e, com o passar do tempo, mais voluntários se juntaram para atender à crescente demanda.

Inspirado na ONG paulistana Cidadão Pró-Mundo, o projeto funciona com um esquema de revezamento: cada voluntário leciona duas vezes ao mês. Esse modelo garante continuidade no ensino e cria vínculos entre alunos e professores, fundamentais para o sucesso das aulas.

Com o crescimento do projeto, as aulas precisaram sair do Coletivo e passaram a acontecer em escolas públicas da Estrutural, como o Centro Educacional 1.

Durante a pandemia, o grupo enfrentou o desafio de adaptar as atividades para o ambiente online. Em 2022, as aulas presenciais foram retomadas, e o projeto continua em constante evolução.

Hoje, todas as turmas adotam a metodologia Project-Based Learning (PBL), que coloca os alunos como protagonistas do processo de aprendizagem. Além de ensinar o idioma, o projeto busca desenvolver autonomia e confiança nos jovens da comunidade.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Por Jornal de Brasília

Foto: Fernanda Ghazali / Reprodução Jornal de Brasília