Durante a noite de sexta-feira (1), a Câmara Legislativa do Distrito Federal realiza sessão solene para outorgar o Título de Cidadã Honorária de Brasília (TCHB) a Lydia Garcia. A honraria é baseada na importante atuação da homenageada para o desenvolvimento do Movimento Negro em Brasília.
A iniciativa para conceder o título partiu do deputado Fábio Felix (Psol). O evento tem início previsto para 19h00 e será realizado no plenário da CLDF, com transmissão pela TV Câmara Distrital e aqui pelo canal da emissora no YouTube.
Segundo a justificativa apresentada no projeto, o parlamentar lembra que Lydia Garcia fez de sua casa uma sucursal da embaixada africana nos primeiros anos após a inauguração da nova capital. Além disso, registra que a homenageada nasceu no Rio de Janeiro, em 1938, que veio para Brasília em 1960 junto com seu esposo, Willy, e tiveram cinco filhos.
Ainda na justificativa do projeto, Fábio Felix relembra que nos fundos de sua casa, funcionava uma espécie de célula de luta por dignidade, em que eram feitos cartazes à mão para formação de sindicatos. Essas ações claramente eram modos de se fazer política, de lutar por direitos e movimento cultural. Foi assim que nasceram na capital federal as primeiras organizações do Movimento Negro, tendo como protagonista, dona Lydia Garcia, dentre outros nobres personagens.
“Lydia Garcia é uma grande referência na luta antirracista no Brasil. Chegou à Capital nos anos 60, foi ativista e professora da educação básica. O reconhecimento a Lydia Garcia decorre de sua rica atuação cultural no Distrito Federal e no Brasil na defesa do povo e da cultura negra, na luta por políticas públicas, por dignidade, direitos e igualdade. Temos muito orgulho de conceder esse título de Cidadã Honorária a essa mulher de luta”, declara o distrital Fábio Felix.
Convidadas
Além da homenageada e de seus parentes, participam do evento a deputada federal Érika Kokay (PT); a presidente do Instituto Afrolatinas, Jaqueline Fernandes; a diretora-geral do Arquivo Nacional e professora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade de Brasília, Ana Flávia Magalhães Pinto; a jornalista Jacira Silva, militante do Coletivo De Mulheres Negras Baobá; e Yalorixá, Mãe Baiana De Oyá.
Trajetória
Ainda na década de 1970, Lydia Garcia ajudou a formar um grupo que, posteriormente, resultou na fundação do Centro Estudos Afro-Brasileiros (CEAB). Também empreendeu ações para as questões irem além de relatos de discriminação, provocando ação para mudar livros didáticos junto ao Ministério da Educação, fazer capas de caderno, dentre outras atuações que dessem maior visibilidade para a pauta de igualdade e de garantia de direitos. Nesse contexto, surgiu a primeira grande ação, intitulada de Ação – Cor – CorAção, no Espaço Cultural da 508 Sul. Em seguida, houve a Primeira semana de Estudos Afro-Brasileiros, que se tornou um marco para o CEAB.
Dona Lydia esteve à frente de ações da Associação de Arte-Educadores do DF, da formação do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro no Distrito Federal, do Movimento de Mulheres Negras e das Marchas Nacionais, entre outros. Representou o DF no III Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, em Bertioga-SP, e participou do I Encontro Nacional de Mulheres Negras.
A homenageada também trabalhou na Escola Parque da 308 sul, assim como no Elefante Branco. Lecionou ainda na Faculdade Dulcina de Morais e na Faculdade Católica e foi assessora do Governo do Distrito Federal na pasta de Assuntos da Cultura Negra.
Francisco Espínola – Agência CLDF
Por Agência CLDF
Foto: Andre Borges/Agência Brasília / Reprodução Agência CLDF