Pesquisa IPEDF: comércio e serviços apresentam altas no segundo trimestre

Boletim de Conjuntura do DF também apontou queda na inadimplência das famílias e melhora nas exportações

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O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) apresentou, nesta terça-feira (05), a 29ª edição do Boletim de Conjuntura do DF, referente ao segundo trimestre de 2024. O levantamento, que visa analisar a economia da capital federal, apontou um cenário favorável a nível de comércio, registrando um crescimento de 5,2% na variação de volume de vendas no acumulado dos últimos 12 meses encerrado em junho deste ano.

De acordo com o Boletim de Conjuntura, o crescimento visto no comércio do DF superou o nacional, que ficou em 3,5%. O avanço no comércio foi induzido pela queda nas taxas de juros e pela ampliação do acesso ao crédito. Entretanto, comparados aos demais estados, o Distrito Federal ocupa a 11ª posição no aumento do volume de vendas. O impulsionamento no comércio, na variação dos últimos 12 meses, decorreu principalmente dos setores de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos (10,7%) e eletrodomésticos (18%).

Já os principais segmentos do comércio que registraram desaceleração quando comparados com o segundo trimestre do ano passado foram: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-36,4%), móveis (-3,5%) e combustíveis e lubrificantes (-2,6%). “Isso está muito relacionado ao preço desses itens que aumentaram no período. Mas vale destacar que no segundo trimestre alguns produtos têm uma tendência mais sazonal”, explicou a Coordenadora de Análise Econômica e Contas Regionais do IPEDF, Adrielli Dias.

“Neste segundo trimestre, de abril a junho, temos alguns feriados importantes que contribuem para o aquecimento das vendas no comércio varejista, como o Dia das Mães, Namorados e as Festas Juninas. Em comparação ao segundo trimestre do ano passado também houve crescimento, mostrando que esse crescimento foi significativo e que há realmente um aquecimento da economia”, acrescentou Adrielli.

O boletim também mostrou um crescimento no setor de serviços de 2,7% no acumulado dos últimos 12 meses. A nível nacional, o aumento foi de 1,9%. “É um cenário positivo, mas revela um crescimento a nível mais lento, que já é uma tendência observada no cenário nacional e em outras Unidades da Federação”, comentou a coordenadora do IPEDF. No mercado de crédito, as operações com pessoas físicas apresentaram um saldo positivo, e a inadimplência das famílias caiu, refletindo uma melhora na capacidade de pagamento da população.

O setor de serviços, no acumulado dos últimos 12 meses, foi impulsionado em especial pelos serviços profissionais, administrativos e complementares (6,5%) e informação e comunicação (7%). A pesquisa apontou uma desaceleração em transportes, serviços auxiliares a transportes e correios (-8,7%). Na análise do comércio internacional, no segundo trimestre o DF registrou um saldo negativo na balança comercial de cerca de US$ 400 milhões.

“Esse resultado negativo já é esperado para o DF por conta dessa superioridade das importações, pelo fato da capital federal abarcar todas as compras públicas do governo federal. Isso faz com que as importações sejam infladas e superem as exportações”, pontuou Adrielli. As exportações, que haviam desacelerado no primeiro trimestre de 2024, tiveram uma recuperação no segundo trimestre, variando em cerca de 62%. As importações também cresceram, no mesmo período, aproximadamente 58%.

Os principais produtos exportados no segundo trimestre do DF foram: soja (51,7%), pedaços e miudezas, comestíveis de galo, galinha e congelados (22,7%) e carnes de galos e galinhas não cortadas em pedaços, congeladas, sem miudezas (8,5%). Do lado das importações, cerca de 70% estão relacionados a medicamentos e produtos imunológicos, que compõem as compras públicas do governo federal que são distribuídas para os outros estados.

O boletim apontou um aumento da inflação trimestral, saindo de 0,6% para 1,23%, posicionando o DF em quarto lugar entre as maiores taxas regionais de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil. A alta foi motivada por reajustes nos preços de gasolina, tarifas de água e esgoto, planos de saúde e alimentos, impactando mais intensamente as famílias de baixa renda.

No segundo trimestre houve uma queda na taxa de participação da população no mercado de trabalho. A redução está relacionada, principalmente, com o aumento da população em idade ativa. Conforme informações do boletim, a força de trabalho e o desemprego no DF se mantiveram estáveis. O setor formal criou 11.226 novos postos de trabalho, especialmente em áreas como saúde, serviços sociais, administração e comércio.

“Em comparação com o ano passado, a economia do DF têm mostrado resultados positivos. Essa tendência sazonal apresentada no segundo trimestre já é esperada para o período, e é puxada por alguns setores específicos como agropecuária, comércio e os setores relacionados à área de educação”, completou a coordenadora do IPEDF. O Boletim de Conjuntura do DF é feito a partir das análises das atividades econômicas local, nacional e internacional, sendo divulgada a cada trimestre.

Por Carolina Freitas do Jornal de Brasília

Foto: Agência Brasília / Reprodução Jornal de Brasília