O recente atentado em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (13/11) colocou pressão sob os órgão de defesa pública em relação à segurança das autoridades na Praça dos Três Poderes. Em entrevista ao C.B Poder nesta segunda-feira (18), Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e interventor federal na segurança do DF após o 8 de janeiro, argumentou que a falta de um sistema centralizado de inteligência entre as forças de leva o Brasil a uma fragilidade em relação às estratégias de segurança.
Para Cappelli, os ataques da semana passada refletem a “atmosfera” do país atualmente. “Isso é o produto de uma situação política em que a gente vive no Brasil. A disseminação de ódio nas redes sociais contra as instituições, principalmente contra o Supremo Tribunal Federal, leva as pessoas a cometerem esses atos inaceitáveis”, diz. “Não é razoável normalizar o que aconteceu”, completa.
Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador pelo PL nas eleições de 2020, arremessou artefatos em direção à sede do STF. Francisco publicou dias antes em seu perfil nas redes sociais a hora, o lugar e os alvos do ataque. O autor do crime lançou cinco explosivos em frente ao prédio do Supremo, mas apenas dois foram acionados, sem ferir ninguém. Por último, Francisco deitou-se no chão e acionou o artefato que o matou.
De acordo com o presidente da ABDI, é preciso que as forças de segurança aumentem as vigilâncias na Esplanada dos Ministérios e para autoridades mais expostas a riscos.
“Seria prudente subir um pouco o patamar de segurança, principalmente no que diz respeito a algumas autoridades, a Esplanada e a Praça dos Três Poderes, mas sem criar alarde, sem disseminar medo”, comenta.
Cappelli argumentou ainda que as forças de defesa brasileiras têm diversas dificuldades em se comunicar, o que leva a falhas de operação.
“Ainda é um desafio no Brasil, porque a gente não tem um sistema centralizado de inteligência. Cada força de segurança tem seus dados, suas informações, mas que não conversam entre si, o que leva a uma situação de fragilidade no que diz respeito à inteligência estratégica”, frisou.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
Por Maria Beatriz Giusti do Correio Braziliense
Foto: Ed Alves/CB/DA.Press / Reprodução Correio Braziliense