Uma instituição de ensino localizada em Santa Maria está sendo investigada por maus tratos e negligência, após um acidente que ocorreu com um menino autista de apenas 2 anos e oito meses de idade, na última quinta-feira (28). O pequeno Benjamin caiu e fraturou o braço no local e o pai do menino, Diego Pereira, 41, notou que a escola não prestou socorro ao filho. Após o registro do boletim de ocorrência, a família espera que providências sejam tomadas.
Ao Jornal de Brasília, Diego explicou que a família sofre com o despreparo e com a omissão de socorro da instituição e que busca falar sobre o assunto para que outras pessoas não passem pela mesma situação. O empresário contou que a escola informou a família sobre o acidente, mas que não informou sobre as lesões que o menino possuía. Só depois de chegar ao local que o pai se deu conta da gravidade do problema.
O laudo médico do menino confirmou uma fratura transversa completa, supracondiliana, com desvio dos fragmentos ósseos, acima do cotovelo. “Meu filho teve que passar por cirurgia de emergência no Hospital Santa Lúcia, no Gama. Teve que colocar pinos no braço e vai ficar quatro semanas com o braço imobilizado. No dia-a-dia já é difícil, imagina agora”, relatou o pai da criança.
Benjamin recebeu alta no sábado (30), mas ainda está em recuperação e talvez precise passar por outros tratamentos para recuperar a força e os movimentos. Diego alegou falta de conduta frente à lesão sofrida pela criança e acrescentou que essa não é a primeira vez que o filho sofre um acidente no colégio. Em setembro deste ano, o menino caiu de um escorregador e machucou a testa.
Em busca de soluções, o pai de Benjamin também encaminhou a denúncia ao Ministério da Educação (MEC). No documento, ele comenta que no dia do acidente, por volta das 16h, recebeu um telefonema da instituição, que perguntava se poderiam encaminhar o menino a uma unidade de saúde. Quando Diego perguntou sobre o ocorrido, a escola respondeu que ele havia caído de um brinquedo, mas não entrou em detalhes.
“Ninguém chamou o SAMU ou o Corpo de Bombeiros. Não tinha ninguém que soubesse o que fazer. Procurei amenizar a dor dele e procurei algo que pudesse utilizar como tala, mas não tinha nada. Da hora da ligação que fizeram para mim até a minha chegada na escola, meu filho ficou agonizando de dor”, comentou Diego à reportagem. O caso foi registrado na 33ª Delegacia de Polícia, em Santa Maria.
A direção do Centro Educacional Samar, onde o acidente aconteceu, negou negligência. Em nota, a escola disse que todas as medidas de segurança e cuidados exigidos por lei foram seguidos e que no momento do acidente a criança estava participando de atividades recreativas. “Benjamin foi acompanhado pelos profissionais da escola e a família foi comunicada no mesmo instante”, escreveu.
“Todos os monitores e professores da instituição são devidamente treinados para lidar com crianças de todas as idades e com necessidades especiais, incluindo aquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, destacou a escola. A instituição se colocou à disposição da família e lamentou as alegações de falta de cuidado em relação à criança. “O incidente foi um caso isolado”, pontuou.
Por Elisa Costa do Jornal de Brasília
Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução Jornal de Brasília