Caso de delegado de 30ª DP expõe alerta sobre saúde mental na PCDF, diz Sinpol-DF

De acordo com o sindicato, os índices de adoecimento mental entre policiais civis e delegados são alarmantes, enquanto ações concretas para amenizar essa situação ainda são insuficientes

O caso do delegado Mikhail Rocha e Menezes, da 30ª Delegacia de Polícia (DP), que, em um episódio de surto psicológico nesta quinta-feira, 16, disparou contra a própria esposa e outras duas pessoas, escancara uma “realidade cruel, oculta e silenciosa enfrentada pelos integrantes das carreiras da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)”, afirma o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF).

De acordo com o sindicato, os índices de adoecimento mental entre policiais civis e delegados são alarmantes, enquanto ações concretas para amenizar essa situação ainda são insuficientes. Em outubro de 2023, o Sinpol-DF divulgou um estudo revelando que 74,4% dos policiais civis relataram sintomas de depressão e ansiedade, embora apenas 42,7% tenham buscado apoio psicológico ou psiquiátrico.

Os dados apontam, ainda, que cerca de 400 policiais civis apresentam atestados médicos por afastamento decorrente de transtornos mentais todos os anos, conforme informações do Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da PCDF, analisadas pelo sindicato.

Para o presidente do Sinpol-DF, Enoque Venancio de Freitas, o adoecimento mental dos policiais é resultado de uma combinação de fatores, sendo o principal o excesso de trabalho para manter as delegacias operando 24 horas por dia, em grande parte devido ao Serviço Voluntário Gratificado (SVG), que se tornou uma fonte essencial de complemento de renda desses profissionais.

“Com a defasagem salarial e o acúmulo inflacionário dos últimos anos, os policiais civis e delegados do DF recorrem ao SVG para sustentar suas famílias e evitar o superendividamento. Contudo, isso significa abrir mão do tempo de descanso e das folgas, o que inevitavelmente afeta a saúde mental. A mente humana tem seus limites, e as consequências são sempre as piores”, destaca Freitas.

O presidente expressou solidariedade às vítimas, classificando o ocorrido como “mais um episódio triste e lamentável envolvendo profissionais da segurança pública, seus familiares e outros”. Ele reforça que este caso é reflexo de um problema mais amplo, que exige atenção e ações efetivas.

“É uma realidade cruel, oculta e silenciosa. Há anos alertamos sobre os impactos do sentimento de desvalorização que atinge esses profissionais. O custo para que Brasília se mantenha como a segunda capital mais segura do país – e, ainda mais, sendo a capital da República – é altíssimo, recaindo diretamente sobre a saúde mental dos policiais civis”, afirma.

Com informações da Sindpol

Por Jornal de Brasília

Foto: Agência Brasil / Reprodução Jornal de Brasília