Ex-presidente da Goinfra é solto após suspeita de fraude em contratos em GO

Lucas Vissotto deixou a prisão na madrugada deste domingo (2/2). Ele é investigado em um inquérito da Polícia Civil por irregularidades em um contrato de R$ 28 milhões

O ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra), Lucas Vissotto, foi solto na madrugada deste domingo (2/2) após o fim da prisão temporária. O ex-gestor da agência foi detido durante uma megaoperação que investiga irregularidades em contratos de reforma e manutenção de 26 prédios públicos em Goiás, firmados com uma empresa do Distrito Federal.

Além dele, o ex-diretor do Departamento de Gestão Integrada da agência, Thiago Carim Bucker, também foi solto. Ambos são investigados pela celebração de um contrato de R$ 28 milhões, que previa a reforma e manutenção de edificações como o Palácio das Esmeraldas, o Palácio Pedro Ludovico Teixeira, a sede da própria Goinfra e postos policiais.

As investigações apontam que a empresa contratada, sediada em Águas Claras, recebeu pagamentos antecipados de maneira irregular, sem que os serviços contratados fossem devidamente executados. Há ainda indícios de superfaturamento nas obras.

Relatórios do governo goiano estimam um prejuízo de aproximadamente R$ 10 milhões aos cofres públicos, sem contar edificações demolidas pela empresa que não foram reconstruídas. O contrato foi assinado em 2023 e interrompido em 2024.

Responsável pela defesa dos dois investigados, o advogado Marcelo Di Rezende, que acompanhou a liberação deles, confirmou a informação. O defensor reiterou que Lucas e Thiago sempre estiveram à disposição das autoridades competentes, desde o início da investigação, em 2024, e permanecerão colaborando com a apuração para demonstrar a inexistência de quaisquer irregularidades.

“O advogado ressalta que, em depoimento na última semana, Lucas e Thiago apresentaram fatos e provas necessários para evidenciar de forma inequívoca a inocência deles”, escreveu a nota divulgada pelo advogado.

Responsável pela defesa do Marcus Emmnoel Chaves Vieira e da Prime Construções, o advogado Alexandre Lourenço disse que aguarda autorização para ter acesso pleno aos documentos da investigação e ressaltou acreditar no Poder Judiciário, a fim de se garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Esquema fraudulento

As investigações, conduzidas pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR), revelaram indícios de um esquema premeditado para burlar procedimentos legais de contratação, favorecendo empresas específicas e agentes públicos envolvidos.

Segundo a PCGO, há evidências de lavagem de dinheiro, pois o fluxo financeiro da empresa investigada apresentava conexões suspeitas com outras empresas ligadas a familiares e amigos do sócio. Os pagamentos antecipados feitos pelo governo goiano eram desviados para essas empresas, reforçando os indícios do esquema criminoso.

Os investigadores também identificaram que, após os pagamentos do governo goiano, os suspeitos realizavam diversos saques diretamente na “boca do caixa”.

Em nota, o Governo de Goiás declarou que acompanha a apuração conduzida pela polícia. “Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias”, informou o governo.

“A atual gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer desvio de conduta no trato do dinheiro público. A gestão não ‘passa pano’ para ninguém e não há possibilidade de segunda chance. O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor”, concluiu a nota.

Por Pablo Giovanni do Correio Braziliense

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado / Reprodução Correio Braziliense