Está cada vez mais comum ver carros elétricos e híbridos circulando por Brasília. Segundo a Secretaria de Economia do DF, atualmente existem 32 mil veículos elétricos e híbridos elegíveis para receber a isenção do IPVA. As medidas definidas pelo governador Ibaneis Rocha visam aumentar a aquisição de veículos movidos a energia limpa na capital.
A JAC Motors, uma das empresas que trabalha com veículos elétricos e híbridos em Brasília, afirma que a procura tem aumentado: “As pessoas vêm às nossas lojas para saber sobre os carros elétricos. A maioria procura uma alternativa aos altos preços dos combustíveis”, informou a concessionária. Segundo levantamento do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF), em 2024, foram vendidas 15.663 unidades, o que representa um aumento de 151% em relação às vendas de 2023 (6.236).
Caroline Fernandes, gerente da filial da BYD no Lago Sul, diz que a marca registrou um aumento nas vendas. “Em janeiro de 2024, o mercado girava em torno de 450 veículos da marca por mês. Já no início deste ano, o volume cresceu cerca de 30%, superando as 600 unidades emplacadas, consolidando uma participação de mercado de 12% na região de Brasília”, afirmou.
Para o diretor regional da empresa, Gian Mendonça, Brasília se destaca por dois motivos:”Aqui é um dos únicos locais do Brasil que têm isenção para carros elétricos. Essa política facilita a tomada de decisão do consumidor. Além disso, o relevo plano de Brasília também é um fator que favorece o uso desses veículos, já que não exigem maior uso da bateria, como em outras cidades que possuem relevo irregular”, explicou Gian.
Economia
Anderson Sampaio, 51 anos, motorista por aplicativo, trocou o tradicional carro a combustão pelo carro elétrico no começo deste ano. A principal motivação foi a economia que o veículo prometia: “Troquei por conta do valor que estava gastando com gasolina para abastecer durante as viagens que realizava. Agora, estou economizando cerca de R$ 3.800 em combustível. Além da gasolina, também não pago o IPVA, o que alivia muito nas contas”, contou Anderson.
Utilizado para trabalhar durante o dia e para passear com a família, a autonomia do carro de Anderson é avaliada em 405 km com a carga total da bateria. O orgulhoso motorista conta que, mesmo rodando 370 km por dia, o preço pago pelo reabastecimento é muito menor: “Eu fico o dia todo rodando na cidade. Essa distância toda, eu percorro com uma única carga de bateria, no valor de R$ 29 a R$ 30. A recarga nos totens da empresa é feita de forma bem mais rápida, em uma hora consigo recarregar. Já em casa, levo cerca de seis horas para carregar totalmente”, explicou.
Além do abastecimento e do IPVA, Anderson também cita a manutenção como grande amiga na economia. “Quase não é necessário fazer revisão e manutenção do veículo. Não me preocupo com troca de óleo, com a maioria dos problemas dos carros convencionais. As revisões são muito mais baratas. A única parte mais cara da manutenção são os pneus, mas eles vão demorar muito para serem trocados”, completou.
Cuidados
Assim como os carros a combustão, os carros elétricos necessitam de uma fonte de energia para funcionar. Nesse caso, a bateria é o coração dos veículos elétricos. Igor Luiz Costa Santos, engenheiro eletricista e responsável técnico da CONVERT Energia, comenta sobre as baterias desses veículos. “Atualmente, os carros elétricos são fabricados com três tipos de baterias. Temos as de Íons de Lítio (Li-ion), que se destacam pela durabilidade e eficiência; Níquel-Metal Hidreto (Ni-MH), mais utilizadas em carros híbridos, têm uma vida útil maior, porém são mais caras e menos eficientes; e as baterias de estado sólido, que ainda estão sendo desenvolvidas, mas possuem potencial para superar as baterias de lítio”, explicou.
Sobre a manutenção e os riscos para a bateria nos veículos elétricos e híbridos, Igor Luiz garante que os riscos de acidente são baixos: “Embora existam riscos associados às baterias de carros elétricos, eles são minimizados por meio de design robusto e práticas de uso seguro.”
Para garantir ainda mais a segurança, o engenheiro eletricista sugere algumas medidas preventivas. “Utilize carregadores homologados pelo fabricante e evite improvisações nas instalações de recarga para prevenir riscos de incêndio. Além disso, realize inspeções periódicas para garantir a integridade dos componentes elétricos e da bateria”, informou.
Futuro à vista
Gian acredita que a tendência das montadoras é investir cada vez mais nos carros elétricos. Para ele, esse é o caminho para uma mobilidade limpa. “A maioria das montadoras mundo afora está seguindo essa tendência, umas mais rápidas, outras, mais devagar. Em 2024, tivemos 78 mil unidades vendidas em todo o Brasil. A meta para 2025 é ultrapassar a marca de 150 mil veículos comercializados”, ressaltou.
Anderson diz não se arrepender da troca para o carro elétrico. “Acho que foi a melhor escolha que eu fiz. É um carro bom, seguro e que tira algumas despesas da minha rotina. Para quem tiver condições de realizar a troca, recomendo muito que analise a possibilidade.”
*Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho
Por Luiz Fellipe Alves do Correio Braziliense
Foto: Luiz Fellipe Alves/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense