Obras do Drenar DF entram na fase final após remoção de rocha

A obra, que contará com 7,7 km de galerias subterrâneas, 291 bocas de lobo, 108 poços de visita e uma bacia de detenção, deve estar pronta até o fim de março

Após superar o desafio de remover uma rocha densa no último trecho de escavação, as obras do Drenar DF chegaram à fase final e seguem para a conclusão da estrutura dos túneis e a liberação do sistema de drenagem. Nesta quinta-feira (13/3), equipes técnicas realizaram uma visita ao canteiro de obras para acompanhar os trabalhos, que agora avançam para a instalação das chapas metálicas e a concretagem da estrutura.

Com o rompimento do solo rígido, no último sábado (08/3), foi possível unir as duas frentes de escavação do túnel, interligando todo o sistema subterrâneo. A partir de agora, os esforços estão concentrados na montagem das galerias e na preparação para a operação integral do sistema, que contará com 7,7 km de galerias subterrâneas, 291 bocas de lobo, 108 poços de visita e uma bacia de detenção. O objetivo do projeto é acabar com os recorrentes alagamentos na Asa Norte, ampliando a capacidade de escoamento das águas pluviais sem modificar a rede existente.

Fase final

Segundo o diretor técnico da Terracap, Hamilton Lourenço Filho, a escavação foi concluída e agora a equipe trabalha na montagem das chapas metálicas que compõem a estrutura do túnel. “Esse serviço deve terminar amanhã (14). Essas chapas são estruturais, funcionam como uma estrutura de aço para garantir a segurança do túnel”, explicou.

Com essa etapa concluída, inicia-se a concretagem do túnel, um processo essencial para garantir a resistência e estabilidade da estrutura. “Essa parte deve ser finalizada entre segunda e terça-feira da próxima semana. Depois disso, é necessário aguardar o tempo de cura do concreto antes de darmos início à abertura das bocas de lobo”, detalhou Hamilton.

A expectativa é de que, a partir de 25 de março, as equipes comecem a abrir, gradualmente, as 291 bocas de lobo construídas ao longo do percurso. Esse processo deve levar cerca de quatro dias. “Assim que todas estiverem abertas, o sistema de drenagem estará totalmente operacional, captando a água da chuva e direcionando-a para a bacia de detenção, que está pronta”, concluiu o diretor técnico.

Desafio

O ajudante de montagem Antônio Francisco Elias dos Santos, de 32 anos, trabalha na obra desde o início e destacou os desafios enfrentados durante a escavação, especialmente devido à dureza da rocha encontrada. “A gente não esperava lidar com esse tipo de material tão resistente. Tivemos que usar máquinas reforçadas, porque não dava mais para trabalhar somente no braço”, relatou.

Para ele, participar de um projeto tão grande e de impacto para Brasília é motivo de orgulho. “Nunca tinha trabalhado numa obra desse porte. Agora que estamos finalizando, é uma sensação de dever cumprido. Saber que, depois de tudo, as pessoas vão poder passar por aqui sem enfrentar enchentes me deixa muito feliz. Eu me sinto vitorioso”, afirmou.

Funcionamento

O Drenar DF conta com um investimento de R$ 180 milhões e adota um modelo inovador para captação e escoamento das águas pluviais. As galerias subterrâneas foram construídas pelo método “tunnel liner”, no qual chapas de aço corrugado, com espessuras que variam de 2,2 mm a 6,5 mm, são montadas e parafusadas para sustentar o túnel conforme a escavação avança.

As águas pluviais captadas pelas bocas de lobo serão direcionadas para um reservatório no Setor de Embaixadas Norte, que funcionará como um filtro natural. O sistema reduzirá a velocidade da água e reterá resíduos sólidos antes de serem lançados no Lago Paranoá, minimizando impactos ambientais e eliminando o risco de enchentes.

Por Davi Cruz do Correio Braziliense

Foto: Davi Cruz/CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense