O Ministério das Relações Exteriores (MRE) condenou nesta segunda-feira (17/3) as violações de Israel ao pacto de cessar-fogo firmado com o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza.
Em nota após reunião com autoridades palestinas, o Itamaraty criticou o corte de energia e o acesso à ajuda humanitária ordenado por Israel em Gaza. Além disso, demonstrou preocupação com o avanço dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.
O ministério divulgou o comunicado após reunião entre a secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha, e a ministra dos Negócios Estrangeiros e Expatriados do Estado da Palestina, Varsen Aghabekian Shahin, em Brasília.
“(As partes) Expressaram preocupação com a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza e condenaram violações israelenses a esse acordo, em particular a suspensão da entrada de ajuda humanitária e energia elétrica”, disse o texto, divulgado após a reunião.
Em meio ao cessar-fogo, o governo de Israel ordenou o corte de energia em Gaza e impediu a entrada de suprimentos e ajuda humanitária na região, no início deste mês. Segundo o governo israelense, a medida foi uma resposta à pressão do Hamas para que se inicie a próxima fase do acordo.
Também houve ataques ao enclave por parte de Israel, apesar do cessar-fogo. Para Brasil e Palestina, é urgente firmar um acordo para encerrar completamente as hostilidades, que inclua a retirada completa das forças israelenses, a libertação de reféns e prisioneiros, e o acesso desimpedido de ajuda humanitária ao território palestino.
“Expressaram sua preocupação com a situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em vista da contínua expansão de assentamentos israelenses ilegais, ataques de colonos israelenses contra civis palestinos, ameaças de anexação e intensificação de operações militares israelenses em cidades e campos de refugiados palestinos, que levaram ao deslocamento forçado de dezenas de milhares de palestinos”, disse também a nota.
Brasil reitera defesa à solução de dois Estados
O comunicado manifestou apoio ao plano de recuperação de Gaza aprovado pela Liga dos Estados Árabes em 4 de março deste ano, e reiterou decisão da Corte Internacional de Justiça que considerou ilegal a ocupação do território palestino pelas forças israelenses.
Brasil e Palestina também defenderam que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) “é insubstituível e rejeitaram todas as tentativas de impedir suas atividades no Território Palestino Ocupado”. O órgão humanitário vem sendo desacreditado e criticado por Israel desde o início do conflito.
Já na esfera bilateral, Brasil e Palestina concordaram em aprofundar a cooperação em diversas áreas, incluindo educação e cultura, e entre instituições privadas.
“A embaixadora Maria Laura da Rocha reafirmou o forte apoio do Brasil à consecução dos direitos legítimos do povo palestino, incluindo o direito à autodeterminação, com base na solução de dois Estados”, finaliza o texto.
Por Victor Correia do Correio Braziliense
Foto: Omar AL-QATTAA / AFP / Reprodução Correio Braziliense