Quando criança, Marcello Lopes tinha dois sonhos: trabalhar com gastronomia e ser dono do próprio negócio. Hoje, aos 46 anos, pode-se dizer que é um homem realizado. Trilhou uma longa e bem-sucedida carreira como chef de cozinha e mantém três empreendimentos — com planos de expandir em breve.
Mas para chegar a esse estágio, o brasiliense conta que o trabalho foi árduo. “Sou um workaholic assumido. Chegava a trabalhar 16 horas por dia. Sentava no sofá para assistir a televisão e cochilava de exaustão. Já acordava para ir trabalhar novamente”, relembra.
E a inserção no universo das panelas começou cedo. Aos 14 anos, o brasiliense aproveitou as férias escolares para trabalhar no restaurante da família, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Fato que se repetiu nos anos seguintes. “Comecei lavando louça, limpando o chão, mas observava e aprendia muito. Sem falar que o meu tio me pagava bem. Eu também ia atrás de uns trocados”, diverte-se.
Em 2003, Marcello, então estudante de direito, decidiu que estava na hora de correr atrás dos seus verdadeiros sonhos. Comprou uma passagem para Perth, cidade australiana com importante tradição gastronômica, para estudar e, claro, fazer um pé de meia. De cara, ao chegar, conseguiu um emprego no Belíssimo Café, restaurante especializado em comida franco-italiana, com pegada mediterrânea. “Comecei lavando louça e terminei como chef executivo.”
Nesse período, fez um curso de gastronomia e recebeu do dono do restaurante um visto sponsored, de habilidade, que lhe permitia trabalhar na Austrália patrocinado por um empregador regional. Parte da rápida ascensão do brasiliense na cozinha se deu pelo fato de que ele ficou responsável por preparar o cardápio especial do dia.
“Pegava ingredientes sazonais ou que estavam na cozinha há mais tempo e criava um menu diferente todos os dias, que não faziam parte do cardápio formal. Um dia, preparei uma sopa de abóbora e gengibre, o pai do dono do restaurante comeu e ficou impressionado, queria saber quem tinha feito”, lembra. Essa nova atribuição foi lhe dando fama e levando mais clientes ao Belíssimo, mas também foi dando uma sobrecarga de trabalho.
Por Sibele Negromonte do Correio Braziliense
Foto: Felipe Menezes/Divulgação / Reprodução Correio Braziliense