Manifestantes fazem ato no Eixão contra a anistia dos presos pelo 8/1

Aos gritos de "Sem anistia" e "Vai ser preso", em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cerca de 100 manifestantes se reuniram na altura da 107 Norte

Um grupo de movimentos de esquerda, com o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), organizou um ato, neste domingo (30/3), contra o projeto que prevê a anistia para os envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. A manifestação ocorreu no Eixão do Lazer, na altura da quadra 107 Norte, e contou com a participação de cerca de 100 pessoas, de acordo com balanço preliminar da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Os manifestantes soltaram gritos como “sem anistia”, “ditadura nunca mais”, e “vai ser preso”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que se tornou réu na última quarta-feira (26/3), após os ministros do Supremo Tribunal Federal acatarem uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele e mais sete aliados.

Além do DF, há manifestações pela mesma pauta neste domingo em, pelo menos, mais oito capitais pelo país. No Eixão, o ato começou por volta de 10h e durou cerca duas horas. Um dos organizadores do evento e representante da Associação de Solidariedade do Povo Saarauí, o músico Chico Nogueira, considera que o movimento que ocorre em diversas capitais é importante para retirar o tema da pauta no Congresso Nacional.

“Por que essas pessoas que incitaram os crimes do 8 de janeiro, o quebra-quebra de 12 de dezembro de 2022, que chamaram as pessoas para a frente dos quartéis pedindo pelo golpe militar, por que essas pessoas não vão responder pelos seus crimes?”, indagou o organizador.

Entre os manifestantes presentes, estava uma senhora de 64 anos, que carregava uma bandeira da Palestina. Funcionária pública aposentada, Glauce Morais disse que pede justiça aos que cometeram crimes durante os ataques à Praça dos Três Poderes. “Ao mesmo tempo, estamos aqui manifestando contra o genocídio que ocorre em Gaza, então achamos que tem uma correlação direta”, manifestou.

Ao final do evento, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) fez um discurso em que atacou Bolsonaro e disse que ele será preso “em nome da justiça”. “Ele se sente acuado e chora, e nós estamos aqui para dizer que vamos seguir em ciranda, seguir na luta, para que se faça justiça pelo Brasil”, disse a deputada.

“O Brasil precisa reafirmar a democracia, e não fazer qualquer tipo de pacto que seria obscuro, como quem tentou apunhalar a nossa própria existência, a nossa concepção de nação. Por isso estamos aqui e iremos continuar aqui, lutando para que este país possa punir todas as pessoas que tentaram golpear as nossas existências”, acrescentou.

O projeto de lei a favor da anistia aos envolvidos nos ataques às instituições democráticas é tema de discordância inclusive entre partidos da oposição e do Centrão. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse a aliados, na última semana, que a chance de colocar o texto em pauta é “zero”. Apesar disso, parlamentares da oposição seguem na tentativa de conseguir mais apoio à proposta.

Por Raphael Pati e Yasmin Rajab do Correio Braziliense

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense