Greve dos professores repercute na Câmara Legislativa

Paralisação da próxima semana ocorre em meio a um cenário de insatisfação crescente da categoria, que cobra valorização salarial, realização de concursos públicos e melhores condições de trabalho

A decisão dos professores da rede pública do Distrito Federal de deflagrar greve a partir da próxima segunda-feira (2/6) gerou forte repercussão na Câmara Legislativa nesta terça-feira (27). Após a assembleia da categoria aprovar a paralisação pela manhã, deputados de oposição ocuparam a tribuna à tarde para prestar solidariedade aos educadores e criticar a condução do governo Ibaneis Rocha (MDB).

O deputado Chico Vigilante (PT) contestou a declaração do governador, que classificou o movimento grevista como político. “O governador já se antecipou para dizer que a greve é política. Para quem não sabe, ele começou a carreira como advogado de sindicatos. Sabe que esta é uma greve por necessidade, não política. Falta ao governador chefiar uma mesa de negociação para evitar a paralisação. É preciso começar chamando os professores concursados e diminuir o número de temporários nas escolas”, afirmou Vigilante.

Fábio Félix (PSOL) também criticou a falta de diálogo do Executivo local. Segundo ele, a greve é reflexo direto da desvalorização enfrentada pelos educadores. “São dezenas de milhares de professores com perda de poder de compra, sofrendo cobranças extremas no trabalho. Precisam ser pontuais e organizados, mas não têm condições salariais mínimas. Muitos adoecem mentalmente. Nenhum professor quer greve, mas ela é uma ferramenta legítima de luta por dignidade”, disse o parlamentar.

O deputado Gabriel Magno (PT) apontou que há espaço no orçamento para atender às reivindicações dos profissionais. “O governo tem margem fiscal para atender aos professores, o que falta é compromisso político. Estamos 8% abaixo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo documento assinado pelo próprio secretário de Economia. A proposta da categoria tem impacto de R$ 1,8 bilhão, mas a margem é de quase R$ 3 bilhões”, detalhou.

Também do PT, o deputado Ricardo Vale defendeu a recomposição do quadro de servidores. “O GDF poderia contratar novos professores, o que não faz há muito tempo, mesmo com concurso vigente. Espero que o governo volte a dialogar com a categoria”, declarou.

A paralisação da próxima semana ocorre em meio a um cenário de insatisfação crescente da categoria, que cobra valorização salarial, realização de concursos públicos e melhores condições de trabalho. Até o momento, o Governo do Distrito Federal não se manifestou sobre a possibilidade de reabertura de negociações.

Com informações da Agência CLDF

Por Revista Plano B

Fonte Jornal de Brasília

Foto: Carolina Curi/ Agência CLDF