O governo brasileiro manifestou disposição para negociar com os Estados Unidos diante da possibilidade de imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais, prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º). A medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, acendeu o alerta entre autoridades brasileiras, que atuam para evitar prejuízos às exportações nacionais.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou aos Estados Unidos com o objetivo de abrir canais de diálogo com representantes da gestão republicana. A intenção é apresentar alternativas à taxação, que poderá comprometer setores estratégicos da economia brasileira.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou nesta manhã (28/7), em entrevista à CNN, que o Brasil está disposto a discutir termos comerciais com os norte-americanos, mas deixou claro que não haverá concessões quando o tema envolver a soberania nacional. “Estamos dispostos a negociar comercialmente, mas não recuaremos na defesa da nossa soberania, da nossa democracia e na independência dos poderes”.
Segundo Gleisi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem orientado a equipe a agir com firmeza e cautela diante da conjuntura internacional. Ela também destacou que o governo brasileiro acompanha com atenção os desdobramentos da política externa norte-americana e aguarda os desfechos previstos para os próximos dias.
No último fim de semana, Donald Trump anunciou um novo acordo comercial com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Pelo acerto, a tarifa geral de importações dos EUA foi reduzida de 30% para 15%, em troca de compromissos do bloco europeu. Entre eles, a compra de US$ 750 bilhões em energia dos Estados Unidos e um acréscimo de US$ 600 bilhões em investimentos no setor militar.
A negociação com a União Europeia, embora evite tarifas mais altas para o bloco, deve afetar a competitividade de alguns setores produtivos europeus, inclusive com a adoção de tarifa zero para determinadas importações — cenário que também preocupa o Brasil.
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil