Neste sábado (23), a Biblioteca Nacional de Brasília recebe a 3ª edição do Encontro de Literatura Fantástica (Elifant), que reúne autores, leitores e pesquisadores do gênero. Com entrada gratuita, o evento ocorre das 10h às 18h e traz uma programação dedicada à criação de mundos e personagens, ao panorama atual da literatura especulativa no país e à importância de eventos, prêmios e espaços de troca voltados à valorização da fantasia, da ficção científica e do terror.
Segundo o escritor e um dos organizadores, Paulo Souza, o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Biblioteca Nacional, é imprescindível, já que o espaço é o principal aparelho público de difusão literária do DF: “Estar nesse local, que é o centro da literatura da capital, além de fortalecer o evento, também dá visibilidade aos autores locais, que muitas vezes são desconhecidos pela sociedade”.
Entre os pontos altos desta edição, ele cita a presença de autores vindos de outros estados, o que demonstra que o Elifant, antes regional, já alcançou repercussão nacional. “O grande destaque é a participação de Enéias Tavares, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e autor publicado pela Darkside, uma das maiores editoras do Brasil. Ter a presença dele, assim como de outros convidados de fora, mostra que conseguimos posicionar o Elifant em um cenário nacional muito importante para a difusão da literatura de fantasia”, avaliou.
A programação começa às 10h, com uma rodada de pitching literário que reúne escritores, cineastas e agentes do mercado editorial e audiovisual. A atividade propõe um diálogo entre literatura e cinema, abrindo espaço para novas possibilidades de adaptação de obras especulativas. À tarde, entre 14h e 18h, serão realizadas mesas de debate com grandes nomes da literatura contemporânea, que vão abordar temas como criação de mundos e personagens, o panorama atual da literatura especulativa no país e a importância de eventos e premiações voltados ao gênero.
O escritor ressalta ainda a importância do encontro para a formação de novos leitores e autores da região. “A formação de leitores parte do autorreconhecimento. Muitas vezes, no Brasil, só são indicados autores mortos e, por mais que os temas sejam universais, as pessoas gostam de ter contato com quem escreve, para conversar além da leitura. Mostrar que temos uma literatura especulativa, que rompe barreiras do imaginário e fala também sobre as regiões onde os leitores vivem, é fundamental. Muitos autores escrevem histórias ambientadas no DF e no Entorno. Quando um leitor encontra uma narrativa que se passa no bairro dele e pode conversar com o autor sobre como surgiu aquele estímulo criativo, isso tem uma importância ímpar na formação leitora”, afirmou.
Para o brasiliense Pablo Rebello, escritor de ficção e terror, participar do Elifant é uma oportunidade única de dar visibilidade ao trabalho de autores independentes. “Todo evento literário é importante porque joga um holofote sobre o que fazemos. Já participei de bienais e festas literárias, mas encontros voltados especificamente para a literatura fantástica, que é um nicho, são mais raros. Por isso, têm um valor especial. É um espaço fundamental para falar de uma literatura que está em franca expansão no Brasil”, destacou.
Esta é a segunda vez que participa do Elifant, mas a primeira em que é convidado a compor uma mesa de debates. “Vou participar de dois momentos. O primeiro é um pitch fechado para autores, em que apresentamos nossas obras como possíveis adaptações para cinema ou TV. Já o segundo será aberto ao público, na mesa Criação de Mundos e Personagens na Literatura Especulativa, onde falarei sobre meus processos criativos, os personagens que crio e os universos em que eles habitam”, adiantou Pablo.
Entre suas obras, destaca-se Monstros Menores, que tem como cenário o Zoológico de Brasília e outros espaços reais. “Costumo ambientar minhas histórias em lugares que existem de fato. Escrevi, por exemplo, sobre alienígenas na Chapada dos Veadeiros, que é um cenário naturalmente propício para isso. Também gosto de resgatar épocas, como os anos 1990, que trazem uma atmosfera nostálgica. Quando se ambienta uma história fantástica no Brasil, a dinâmica muda completamente em relação a uma narrativa situada nos Estados Unidos. A cultura é outra, os recursos dos personagens são diferentes, e isso dá um tempero especial que surpreende os leitores”, contou o escritor.
Para Pablo, esse vínculo com o real aproxima ainda mais o público. “O leitor pode se ver nas situações vividas pelos personagens. Muitas vezes, ele reconhece o bairro, a cidade ou a rotina retratada no livro. Isso torna a experiência única, porque é uma história de fantasia que poderia acontecer ao lado da casa dele”, disse. “Em Monstros Menores, por exemplo, o protagonista trabalha no Zoológico e mora no Guará. É uma oportunidade para o leitor brasiliense encontrar uma narrativa diferente, mas ambientada em lugares que ele conhece”, concluiu.
3ª edição do Encontro de Literatura Fantástica (Elifant)
Data: Sábado (23)
Local: Biblioteca Nacional de Brasília — Esplanada dos Ministérios
Horário: Das 10h às 11h30 (pitching com cineastas e agentes literários) e das 14h às 18h (mesas de debate e feirinha literária ao final)
Entrada gratuita
Mais informações: Rede social do Elifant
Por Resenha de Brasília
Fonte Agência Brasília
Foto: Divulgação