A Câmara Legislativa do Distrito Federal vai conceder, na sexta-feira (29/8), o título de Cidadã Honorária de Brasília a Maria Luiza da Silva, a primeira mulher trans reconhecida na história das Forças Armadas brasileiras (FAB). A cerimônia será às 19h, no plenário da Casa.
Militar da Força Aérea Brasileira (FAB), Maria Luiza passou por cirurgia de redesignação sexual e, logo depois, foi considerada incapaz e afastada compulsoriamente para a reserva. Iniciou, então, uma longa batalha judicial pelo reconhecimento da identidade de gênero dela.
Ao longo dos anos, tornou-se uma das vozes mais ativas contra a transfobia, marcando presença em debates sobre direitos humanos e igualdade. A trajetória dela, marcada por resistência e pioneirismo, transformou-se em símbolo de luta e inspiração para a comunidade LGBTQIAPN+.
Marco na história
A história de Maria Luiza também foi narrada em um documentário dirigido por Marcelo Díaz. Em 80 minutos, a obra investiga a memória, identidade e resistência da primeira militar transexual da FAB. Durante 22 anos, ela serviu na Aeronáutica, vestindo a farda masculina, embora nunca tivesse se reconhecido homem.
Nascida José Carlos, em Ceres (GO), Maria Luiza atuava como mecânica de aeronaves na Base Aérea de Brasília quando, em 2000, o Alto Comando a “diagnosticou” como transexual. A decisão determinou a aposentadoria por invalidez parcial, com metade do salário, proibindo-a de tornar o caso público. Pressionada, buscou apoio no Ministério Público do DF, que assumiu a defesa dela.
Em meio à batalha judicial, Maria Luiza passou por cirurgia de redesignação em 2005 e, dois anos depois, teve o direito reconhecido pela Justiça: o nome e o gênero feminino passaram a constar na certidão dela. Em 2010, outra vitória histórica: decisão judicial determinou que a Aeronáutica a reintegrasse, com o mesmo soldo dos militares não reformados.
A reintegração, porém, não significou retorno à ativa. Com 49 anos, Maria Luiza já havia completado o tempo de serviço. A Aeronáutica recorreu, e a disputa chegou ao STJ, que manteve o direito de aposentadoria em decisão histórica, em 2024.
A história, narrada com exclusividade pelo Correio em 2000, deu origem a uma série de reportagens de Marcelo Abreu e rendeu inúmeras cartas de apoio.
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Diego Bresani/CB/CB/Divulgação