A contagem regressiva para a chegada da primavera no Brasil começou. Em 21 de setembro, inicia-se o período de floração de inúmeras espécies de árvores, que transformam as ruas e paisagens em verdadeiros jardins de cores. Neste mês, os ipês-brancos são os protagonistas desse espetáculo natural. Eles florescem entre agosto e outubro, e não apenas trazem beleza à cidade, mas exercem um papel significativo no equilíbrio ambiental e no bem-estar dos brasilienses, que aproveitam a época para fotografar e registrar o espetáculo natural.
Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), de 2016 para cá, foram plantadas 93.813 mudas de ipês de diferentes espécies em todo o DF. O órgão explica que não é possível contabilizar a quantidade exata de cada cor, uma vez que parte dos plantios é feita também pela própria população. A escolha depende da produção dos viveiros da companhia, que definem o volume conforme a disponibilidade.
Além da beleza, a presença dos ipês reforça o conceito de “cidade-parque” de Brasília, contribuindo para a biodiversidade, a sombra e a qualidade do ar. A arborização bem planejada e executada contribui para a qualidade de vida da população, proporcionando sombra, melhorando a qualidade do ar e incentivando o contato com a natureza. A simples admiração da florada dos ipês pode gerar bem-estar e alegria, como muitos brasilienses relatam.
Olhares
A beleza dos ipês não passa despercebida no cotidiano da população. O porteiro Sidney Rodrigues, 57 anos, conta que nunca deixa de admirar as árvores no caminho do trabalho, na quadra 102 do Sudoeste. “Embelezam muito a cidade. Inclusive eu gosto do amarelo e do branco, pois acho muito bonito o contraste com o céu azul. É muito bonito para quem está passando com a família, dá vontade de parar e tirar foto. É uma época muito linda”, relatou ao Correio.
Os ipês-brancos presentes na avenida comercial do Sudoeste, na altura da quadra 304, fazem parte do trajeto diário da babá Dinalva Barbosa, 34. Segundo ela, a floração traz um sentimento especial. “Quando passo por aqui, sinto uma pureza e um verdadeiro sentimento de paz. Sempre que passo por aqui, dou uma olhadinha. Nesta época, o vento derruba muito as flores. Dá uma dó, mas ao mesmo tempo deixa o chão todo branquinho, muito bonito”, contou, com alegria.
A estudante Hillary Oliveira, 20, se impressiona com o cenário diariamente. Ela explicou que caminha todos os dias pela Esplanada e que a presença das árvores traz frescor à cidade e contribui esteticamente. “Os ipês tornam a cidade mais arborizada, dá mais prazer de andar pelas ruas. O branco transmite paz e tranquilidade. Mesmo na correria, é bom parar e apreciar um pouquinho”, ressaltou.
Especialista
A doutora em Ecologia e professora de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB), Morgana Bruno, explicou que os ipês pertencem ao gênero Tabebuia roseoalba e estão entre as árvores mais emblemáticas do país. “Os ipês, especialmente na época da floração, exibem flores vibrantes nas cores amarelo, rosa, branco e roxo, que criam um espetáculo natural nas ruas, parques e áreas verdes da cidade, valorizando o visual urbano”, explica.
A especialista ainda enfatizou a importância dos ipês para a estética do DF. “O plantio dos ipês contribui para um paisagismo agradável, tornando os espaços públicos mais acolhedores, coloridos e harmônicos, o que melhora a qualidade de vida dos moradores e visitantes. Além da estética, eles são símbolos da biodiversidade local, atraem pássaros e outros animais, e promovem uma atmosfera mais saudável e agradável”, acrescentou.
O ipê-branco é uma árvore de médio porte, com alturas entre 7 e 16 metros, que se torna uma escolha popular no paisagismo e na arborização urbana pelo seu tamanho gerenciável. Marcada pela beleza, a espécie tem uma função ecológica importante, por fornecer abrigo e alimento para pássaros e insetos. Além de exuberante, a flor também pode ser utilizada na culinária, pois sua folha é comestível. São consumidas as pétalas, após a remoção do cálice, em receitas de refogados, empanados e saladas cruas..
Mudanças climáticas
Apesar da resistência, as mudanças climáticas também trazem desafios para a espécie. “O aumento das temperaturas e a alteração nos padrões de precipitação podem afetar o período de floração e a germinação das sementes do ipê-branco. Além disso, influenciam a ocorrência de queimadas e a disponibilidade de água, fatores que afetam diretamente a sobrevivência e o crescimento da árvore”, detalhou Morgana.
Mesmo assim, o espetáculo natural ocorre com a floração de diferentes espécies em sequência: primeiro o ipê-roxo (junho a agosto), depois, o amarelo (julho a setembro), seguido pelo rosa e pelo branco (agosto e setembro) e, por último, o verde (meados de setembro).
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Bruna Gaston CB/DA Press