INSS: CPMI pede ao STF para ouvir Careca do INSS e Mauricio Camisotti

Ambos foram presos nesta sexta-feira (12) após pedido da comissão mista que investiga as fraudes à Previdência

Depois da prisão do “Careca do INSS” (Antonio Carlos Camilo Antunes) e do empresário Mauricio Camisotti nesta sexta-feira (12/9), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes na Previdência pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir os dois na próxima semana.

O depoimento do Careca do INSS já estava previsto para a próxima segunda-feira (15), embora não houvesse confirmação da ida voluntária do investigado. Com a prisão, no entanto, o presidente da comissão, Carlos Viana (Podemos-MG), quer garantir que seja possível ouvi-lo.

“Eu já pedi ao ministro André Mendonça (responsável pelo inquérito do INSS no STF) e já pedi à Advocacia do Senado o requerimento para que os dois presos sejam conduzidos à CPMI na próxima segunda e na próxima quinta para que você acompanhe pela televisão, pela imprensa o que eles têm a dizer. Eles têm muitas explicações a dar a todos os brasileiros”, afirmou em um vídeo enviado a jornalistas.

Viana disse que a prisão foi ordenada por Mendonça graças a um pedido da CPMI. “É o primeiro passo. Nós temos outros suspeitos, pelo menos 19, que também precisam ir para a cadeia. São dirigentes de sindicatos, de associações que participaram de empresas fantasmas, que recebiam e desviavam dinheiro roubado”, disse o senador.

Já o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relator da comissão, disse que a CPMI teve um “papel importantíssimo” para os desdobramentos que resultaram na prisão da dupla investigada pelos desvios.

“As prisões do ‘senhor Careca’ e do Camisotti só reforçam a necessidade dos depoimentos que teremos do careca do INSS na segunda-feira e na quinta-feira do senhor Maurício Camisotti. A CPMI já tinha votado essas convocações e agora terá ainda mais força para esclarecer os fatos”, comentou.

“Temos que alcançar os verdadeiros comandantes desse roubo aos aposentados e pensionistas. A sociedade não quer, não espera e não aceita que qualquer culpado seja acobertado, por isso a necessidade cada vez maior de a população brasileira fiscalizar os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito, da Polícia Federal e do Judiciário brasileiro”, afirmou.

Operação Cambota

A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (12/9), uma nova fase da operação que investiga descontos irregulares no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), a Operação Sem Desconto. Esta fase foi nomeada como Operação Cambota e resultou na prisão do lobista conhecido como Careca do INSS em Brasília.

Em sua casa no Lago Sul, região nobre de Brasília, agentes vasculharam documentos e apreenderam veículos de luxo. Já na casa de Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, sócio do advogado Nelson Wilians — outro alvo da operação —, os policiais encontraram uma Ferrari e uma réplica em tamanho natural do carro de Fórmula 1 de Ayrton Senna na McLaren.

Imagens obtidas pelo Correio mostram também coleções de relógios de luxo, de obras de arte — incluindo esculturas eróticas —, réplicas de embarcações e dinheiro em espécie.

Na ação, a PF cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal, em São Paulo e no Distrito Federal.

Defesas contestam prisões

O advogado Cleber Lopes, que representa o Careca do INSS afirmou depois da operação que a decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão do Careca do INSS “parte de premissas equivocadas” e será contestada.

“Identificamos nitidamente que há um erro de premissa na decisão. Ela parte de fatos que não estão adequadamente definidos”, disse Lopes ao reforçar que o cliente dele não tinha participação na coleta de dados de beneficiários nem no recrutamento de associados.

Segundo ele, a empresa de Antunes apenas prestava serviços terceirizados para associações, de forma contratual. O advogado também rebateu a acusação de que Antunes atuava como lobista entre dirigentes do INSS e associações.

“No Brasil, a palavra lobby virou sinônimo de corrupção, mas isso não é correto. Exercer influência dentro de um contrato de prestação de serviços não significa prática criminosa”, afirmou.

Já o advogado Nelson Wilians disse, em nota, que tem colaborado com as autoridades e que vai provar ser inocente.

Leia a íntegra:

“Em relação ao mandado de busca e apreensão cumprido nesta data, Nelson Wilians esclarece que tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência.

Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação.

Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência”.

Por Resenha de Brasília

Fonte Correio Braziliense

Foto: Carlos Moura/Agência Senado