A Praça do Relógio foi, mais uma vez, palco de celebração e também de luta por direitos e representatividade. Na tarde desse domingo (21/9), o cartão-postal de Taguatinga recebeu a 18ª Parada LGBTQIA da cidade, que este ano teve como tema “Orgulho de ser e celebrar todas as diferenças”. O evento gratuito reuniu artistas como Valesca Popozuda, Pepita e o grupo Irmãs de Pau, que animaram a multidão do alto do trio elétrico e garantiram momentos de festa e alegria para quem esteve presente.
Em meio à multidão estavam as recém-casadas Ana Caroline e Aryanne Maniçoba Queiroz, de 27 e 37 anos, respectivamente. As duas oficializaram a união há apenas uma semana e decidiram comparecer à parada para reafirmar esse marco. “Nosso casamento foi lindo, nossos amigos disseram o quão importante foi ver duas mulheres se casando, com direito a tudo: cerimônia, festa, despedida de solteira. E agora estamos aqui, mais uma vez, para reafirmar esse direito”, contou Aryanne.
Segundo elas, participar da primeira parada como casadas potencializou o sentimento de conquista. “Já morávamos juntas, mas oficializar nossa união no civil foi muito importante. Direitos não podem ser negados. A gente é um casal e merece esse reconhecimento”, frisou Carol.
Ao lado da amiga Bruna Menezes, 29, as três destacaram a importância do evento para dar visibilidade à comunidade. “É uma maneira de demonstrar e falar sobre um tema que foi invisibilizado por muitos anos. Estar aqui é um ato de resistência, para mostrar que a gente existe e merece respeito”, completou Aryanne.
Presença pela causa
Entre os frequentadores assíduos do evento estavam o casal Sivan Miranda, 19, e Carlos Eduardo, 21, moradores de Samambaia e Ceilândia, respectivamente. Eles afirmaram que participam da Parada de Taguatinga todos os anos e reforçaram a relevância da celebração.
“Acho importante ter essa representação. Se não lutarmos por nossos direitos, ninguém fará isso por nós. Muita gente ainda sofre preconceito. Hoje em dia está mais tranquilo, mas é bom ter essa parada para lembrar tudo o que já aconteceu no passado e não pode voltar a acontecer”, disse Carlos Eduardo.
Os amigos Marcos Klayton, 45, Marcos Mendes, 40, e Marcelo Amaral, 34, também destacaram o evento como espaço de resistência e reafirmação de identidade. “Me reconheço como homossexual desde criança. Então, sempre estarei presente pela causa”, contou Klayton.
Para Mendes, que participou pela primeira vez da edição em Taguatinga, a Parada mostra que a comunidade LGBTQIA precisa ser vista como parte da sociedade e ter condições dignas e cada vez mais direitos. Amaral reforçou que a festa é também um ato político: “É muito sobre mostrar que existimos e que precisamos de dignidade. A Parada é linda, mas também é luta”.
Turistas
Casadas há sete anos, Milena Eloi, 39, e Natallia Oliveira, 25, vieram de Luís Eduardo Magalhães (BA) para prestigiar o evento pela primeira vez e celebrar o amor e a representatividade.
Elas contam que a viagem ao Distrito Federal estava programada para assistir ao desfile de 7 de setembro, mas o casal decidiu adiar a vinda para coincidir com a data da parada. De acordo com as duas, o evento representa liberdade e acolhimento, algo ainda distante da realidade em que vivem. “Na nossa cidade, não tem bares ou eventos assim. Aqui, a gente se sente mais livre para expressar quem somos. Lá, o preconceito é mais forte, é bem diferente”, relatou Natallia.
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Maria Eduarda Lavocat CB/DA Press