Campanha esclarece dúvidas sobre doenças inflamatórias nas articulações

Médicos orientaram frequentadores do Parque da Cidade, ontem (28/9), sobre a importância do diagnóstico precoce

Dor constante nas articulações, rigidez ao acordar, dificuldade para subir escadas ou, até mesmo, para segurar objetos. Esses sintomas, muitas vezes ignorados ou associados ao envelhecimento, podem ser sinais de doenças reumáticas, um grupo com mais de 120 enfermidades inflamatórias, crônicas, autoimunes ou degenerativas que afetam cerca de 15 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Para ampliar a conscientização sobre essas condições, uma ação nacional foi realizada simultaneamente em diversas capitais brasileiras, ontem (28/9), incluindo Brasília, onde médicos, estudantes e associações de pacientes ocuparam o Parque da Cidade com orientações e atendimentos gratuitos. Com o slogan “Dor nas Juntas? Junta tudo e vem para o reumato”, a campanha foi promovida pela SBR em parceria com a Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB) e apoio da Associação Nacional das Pessoas com Lúpus (ANPLúpus).Play Video

A presidente da SRB, Ana Paula Monteiro Gomides Reis, destacou que o principal objetivo é ensinar a população a reconhecer a dor como um sinal de alerta. “Sentir dor não é normal. A pessoa precisa buscar atendimento médico para um diagnóstico precoce, um esclarecimento da causa das suas dores e para que possam fazer um tratamento mais assertivo”, afirmou.

O que são?

As doenças reumáticas atingem principalmente o aparelho locomotor, como ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Em alguns casos, podem comprometer órgãos internos, como rins, pulmões, coração e pele. A campanha também tem o intuito ampliar o entendimento da população sobre as doenças reumáticas e o que faz um médico reumatologista.

O especialista atua em um vasto campo de estudo que inclui enfermidades, como artrite reumatoide, fibromialgia, osteoporose, gota, osteoartrite/artrose, espondiloartrites, artrite psoriásica, lombalgia, lúpus eritematoso sistêmico, febre reumática, vasculite, doença de Sjögren, doença de Behçet e esclerose sistêmica. As enfermidades mais recorrentes são as osteoartrites, principalmente entre idosos, seguidas pela fibromialgia e a artrite reumatoide.

Segundo dados da SBR, a osteoartrite representa até 40% das consultas em reumatologia no país. A artrite reumatoide afeta cerca de 2 milhões de pessoas, especialmente mulheres entre 30 e 55 anos. A lombalgia é a segunda principal causa de consultas médicas no Brasil, enquanto a osteoporose é responsável pela maioria das fraturas em pessoas acima de 50 anos. No caso do lúpus, estimam-se que entre 150 e 300 mil brasileiros convivam com a doença, também com predominância feminina.

Conscientização

No Distrito Federal, o Parque da Cidade virou consultório a céu aberto. Quem passava pelo local era convidado a conversar com os especialistas, responder a questionários e receber orientações. “Estamos aqui porque os sintomas são muito comuns e as pessoas não valorizam. Acham que é coisa da idade ou de esforço e não procuram ajuda. Muitas vezes, quando chegam ao reumatologista, já têm anos de doença instalada”, alertou Ana Paula, presidente da SRB.

A mobilização reuniu médicos, estudantes e associações de pacientes. Entre os participantes estava Lucimar Batista, 68 anos, que aprovou a iniciativa. “Quantas doenças atingem a gente e não sabemos a razão. Por isso, é importante buscar a prevenção, porque se você trata antes, evita sofrer depois. Esse projeto que nos informa sobre esses casos está de parabéns”, elogiou.

Presidente da ANPLúpus, Dejane Bento, 49, foi diagnosticada com a doença em 2006 e atualmente trabalha para apoiar outras pessoas que vivem a mesma realidade. “O lúpus é antigo, mas pouco divulgado. Muita gente acha que é contagioso ou tem vergonha de dizer que tem. Mas, acredito que, quando a gente traz o tema à tona, a gente dá conforto e esperança uns para os outros. Infelizmente não tem cura, mas tem tratamento”, ressaltou.

Segundo ela, a associação realiza mutirões, arrecada cestas básicas e até ajuda na compra de medicamentos para pacientes com dificuldade de acesso. “O SUS é maravilhoso, mas a demanda é grande. Às vezes, a consulta ou o remédio demora. Por isso, a associação entra para intermediar com médicos, ajudar com alimentação ou incentivar quem está em casa a produzir e viver bem”, explicou.

Por Resenha de Brasília

Fonte Correio Braziliense

Foto: Davi Cruz/CB/DA Press