47 anos do Parque da Cidade: memórias do coração da capital

Espaço faz aniversário completa neste sábado (11/10). Com terreno de 420 hectares, recebe cerca de 800 mil pessoas por mês e faz parte da rotina de milhares de brasilienses que, desde 1978, frequentam o local para se divertir e construir afetos

Fundado em 1978, o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, em Brasília, celebra neste sábado (11/10) 47 anos de existência. Considerado um dos maiores parques urbanos da América Latina, com terreno de 420 hectares, o espaço se consolidou como um verdadeiro símbolo da capital federal, reunindo lazer, meio ambiente e afetos em um só lugar. Atualmente, recebe quase 800 mil pessoas mensalmente e faz parte da rotina de milhares de brasilienses que cresceram frequentando o local — cenário de piqueniques, corridas, passeios em família e histórias que perpassam gerações.

Projetado por Oscar Niemeyer e Athos Bulcão, o parque traduz na paisagem o ideal modernista de Brasília: amplos espaços abertos, áreas democráticas de convivência e integração entre a natureza e o urbano. Além de ser um dos pontos turísticos da capital, o Parque da Cidade oferece uma gama de atrativos para todas as idades. São quadras poliesportivas, parque de diversões, churrasqueiras, academia pública, praças, lagos, centro hípico e restaurantes, entre outros. 

Atrações

Um dos grandes destaques do parque é o Parque Urbano Nicolândia, tradicional ponto de lazer e diversão que encanta crianças e adultos há décadas. O espaço foi idealizado por Antônio Hilário, mais conhecido como Nico, e tornou-se um dos símbolos do lazer brasiliense. O filho dele, Marcelo de Souza, conta um pouco da trajetória da família: “Seu Nico dedicou grande parte da vida dele à Nicolândia. Ele chegou aqui em 1969, no início da capital, e em 1978 inaugurou o Parque da Cidade. A motivação sempre foi ter um parque para atender às famílias, especialmente as crianças”.

Quando o espaço foi inaugurado, Marcelo era apenas uma criança. Ele guarda lembranças vivas de uma infância passada entre brinquedos e cores: “Tinha 6 anos quando o parque foi inaugurado. Toda minha infância foi aqui dentro”.

Hoje, ele dirige o parque de diversões e considera uma honra assumir o negócio desenvolvido com tanto afinco e amor pelo pai. “É sempre uma alegria estar na gestão. É algo bem familiar. Pulsa, além de ser algo de profissão, de carreira, é algo que transmite uma motivação maior pelo fato de ser uma empresa familiar. Você sente aquela responsabilidade de manter esse legado”, comenta.

Inaugurado em 1987, outra atração bastante visitada do parque é o kartódromo. Marco Ferreira, proprietário do Carrera Kart, é apaixonado por automobilismo desde a juventude, nos anos 1970, em Belo Horizonte. Ele conta como foi trazer o kart para a capital: “No governo de José Aparecido, em 1987, houve um interesse em dar mais vida ao Parque. Para isso, foram realizadas várias concorrências públicas, licitando alguns espaços. Nós vencemos a licitação do espaço que hoje é, e sempre foi, o Carrera”. “O brasileiro é fã de automobilismo. Quando inauguramos, foi sucesso imediato. Ayrton Senna estava no auge da carreira na Fórmula 1 e incentivava ainda mais a garotada a gostar da prática”, conta o empresário. 

Atualmente, o Carrera Kart possui pistas de kart e minifórmula 1, salão de jogos, parque de infláveis, campo de futebol society, sport bar e brinquedoteca. O local também recebe festas de aniversário e confraternizações, funcionando de terça a domingo e atraindo famílias e entusiastas da velocidade.

Lembranças

O Parque da Cidade fez parte da infância do estudante Yuri Ramos, 18, que costumava brincar no Parque Ana Lídia. “Íamos bastante naquele parque infantil com o foguete, eu me lembro de passar horas e horas brincando com meu irmão. Depois, comprávamos algodão-doce”, afirma.

Em momentos difíceis, o parque também esteve presente na vida de Ramos: “Houve uma época em que as contas apertaram aqui em casa, e não conseguíamos voltar para casa para almoçar a tempo, mas também não dava para comer na rua. Então, fazíamos alguns sanduíches de salada e almôndegas de frango e comíamos no Parque da Cidade. Lembro-me que eu e meu irmão tentávamos comer correndo, para poder brincar um pouco”.

Para a universitária Helena Cordeiro, 19, o parque representa lembranças preciosas ao lado dos avós: “Eu e minha família sempre moramos perto dos meus avós. Então, na maior parte das minhas memórias de infância, eles estão presentes. Sendo assim, o parque é uma lembrança recorrente, uma vez que era o principal lugar onde eles me levavam para brincar”. “Eu me lembro que o meu avô sempre comprava um picolé de uva ou aquele de iogurte em formato de coração, meus favoritos, e eu amava”, acrescenta.

Em meio à pandemia de covid-19, o parque também foi refúgio. “Houve uma época na pandemia que  sempre íamos lá, eu e minha mãe. Porque ela queria sair e o lugar mais seguro era o Parque da Cidade. Sempre frequentávamos a Praça das Fontes, onde dávamos comida aos patinhos”, lembra Helena.

Prática esportiva

Além do lazer e da memória, o Parque da Cidade é, hoje, um dos principais pontos de prática esportiva no Distrito Federal. Diariamente, suas pistas de corrida, ciclovias e quadras poliesportiva atraem atletas profissionais e amadores. O empresário Alexandre Neves, 52, corre nas pistas do espaço toda semana há quase quatro anos. Segundo ele, o parque é ideal para prática esportiva. “É um ambiente seguro, podemos correr sem a proximidade de veículos como motos e carros e com um bom piso, como a pista de corrida ou a grama para quem gosta de correr em terreno natural”, explica.

Neves observa que o local também é referência para outras modalidades: “É um excelente lugar para praticar outras atividades, como andar de bike, skate e patins, além das áreas para prática de futevôlei, de frescobol e de caminhadas”.

*Estagiária sob supervisão de Eduardo Pinho

A importância de preservar e de investir 

Ana Carolina Alves

Uma sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) celebrou, ontem, os 47 anos do Parque da Cidade Sara Kubitschek. Com a presença de autoridades do Governo do Distrito Federal (GDF), funcionários do parque e população em geral, o evento destacou a importância do espaço para a capital.

Durante a comemoração, o secretário de Esporte e Lazer do Distrito Federal, Renato Junqueira, destacou o papel do parque como um espaço democrático e essencial para o lazer, o esporte e a cultura dos brasilienses. “O Parque da Cidade pulsa esporte, cultura, lazer e inclusão. É um local que representa todos nós”, afirmou.

Junqueira apresentou avanços e projetos em andamento no parque, como o novo cercamento, a reforma dos banheiros e a modernização da iluminação. “Estamos enfrentando desafios antigos, mas não vamos descansar até resolver. Queremos os banheiros iluminados e o parque cada vez mais seguro e acolhedor”, ressaltou.

O secretário falou da revitalização da tradicional piscina de ondas, desativada há mais de 20 anos, que dará lugar a um complexo aquático com investimento de cerca de R$ 18 milhões, e da construção de uma pista de skate de nível internacional, em parceria com o Skate Total Urbe (STU). “A primeira etapa da piscina será entregue no início do próximo ano. E a pista de skate, que será palco de competições transmitidas ao vivo, ficará como legado para os brasilienses”, destacou.

O administrador do Parque, Todi Moreno, ressaltou os avanços recentes na gestão e agradeceu aos parceiros e servidores pelo trabalho de manutenção. “Hoje, celebramos 47 anos de história deste que é um dos maiores parques urbanos do mundo, palco de momentos marcantes na vida dos brasilienses, no esporte, na cultura e no lazer”, afirmou.

Segundo ele, o parque tem passado por um processo de transformação, com melhorias na iluminação, cercamento e reformas dos banheiros. “O Parque da Cidade nunca esteve tão bem cuidado, mapeado e planejado como está agora”, disse.

Todi também comentou o papel das equipes envolvidas na administração e reconheceu a dedicação dos trabalhadores responsáveis pela limpeza e manutenção do local. “Muitas vezes, as pessoas reclamam do parque sujo, mas se esquecem de que há uma equipe que acorda às 5h para deixá-lo limpo. Por isso, lançamos a campanha Lixo no Lixo”, explicou.

O administrador lembrou a importância de preservar o legado urbanístico e ambiental deixado por Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Burle Marx. “Devemos cuidar com responsabilidade desse espaço de convivência, cultura e sustentabilidade. O Parque da Cidade é o coração de Brasília e reflete o amor e o empenho de todos que o frequentam e ajudam a mantê-lo vivo”, concluiu.

Homenagem

Na ocasião, Cilene Vieira, do Correio Braziliense, recebeu uma moção de louvor pelo trabalho realizado no Blog Nosso Parque da Cidade, que faz parte do portal do jornal e traz matérias sobre tudo que acontece no parque. 

Artigo

Um lugar para viver Brasília ao ar livre

Nenhum espaço no Distrito Federal representa melhor o que significa viver Brasília ao ar livre do que o Parque da Cidade.

Desde sua inauguração, em 11 de outubro de 1978, uma área de 4,2 milhões de metros quadrados foi aberta ao público com atrações e equipamentos para a prática de esportes e lazer que o transformaram no maior parque da América Latina e em um dos maiores parques urbanos do mundo.

Projetado e construído sob orientação dos criadores da capital, Oscar Niemeyer e Lucio Costa, com jardins e paisagismo de Burle Marx e a participação de Athos Bulcão, o Parque da Cidade foi concebido para ser um local de recreação e convivência entre pessoas, em proporções inéditas no país.

O Parque foi constituído como “uma nova proposta de passeios e diversões ao ar livre”, um projeto inovador, que procurava dar mais humanidade à nova capital do país, centro do poder e referência mundial de arquitetura moderna, mas ainda considerada artificial, sem áreas naturais de recreação mais próximas, como praias e montanhas.

A expectativa, desdo o início, com a imensa quantidade de área plantada e o crescimento das árvores, era de que, no futuro, o Parque se tornasse um grande bosque, um lugar de contemplação da natureza.

Ter um espaço amplo para relaxamento e alívio das tensões do dia a dia foi, já naquela época, considerado fator fundamental, uma necessidade da vida urbana, quando Brasília contava com um milhão de habitantes, um terço de sua população atual.

Hoje, 47 anos depois, o Parque da Cidade é exatamente aquilo para o que foi criado. No meu blog, onde falo sobre vários aspectos do Parque e, principalmente, das pessoas de lá, constato, invariavelmente, com cada pessoa com que converso em entrevistas, o quanto reconhecem e valorizam o aspecto ambiental do espaço. A possibilidade de ter contato com a natureza abundante, poder fazer uma pausa, relaxar ou praticar esportes, e de ter momentos de lazer, longe da correria, e bem no centro da capital, tem um grande valor para todos.

Cilene Vieira, jornalista, autora do blog Nosso Parque da Cidade, publicado no site do Correio Braziliense

Por Resenha de Brasília

Fonte Correio Braziliense

Foto: Minervino Junior/CB/D.A Press