O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta segunda-feira (24/11) o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Pedagógica de Maputo. Ao receber a honraria, ele fez um discurso afirmando que, aos 80 anos, jamais imaginou que ainda pudesse “se emocionar tanto”, e classificou a homenagem como uma das mais significativas de sua trajetória.
“Eu já tenho muitos títulos de doutor honoris causa, mas nenhum me emocionou como esse, porque eu não sinto aqui nenhuma diferença entre vocês e eu. Eu sinto que nós somos iguais”, afirmou, em um dos momentos de maior comoção do evento.Play Video
Lula destacou que sua relação com Moçambique remonta à sua primeira visita, em 2003, quando sentiu “imediato sentido de fraternidade” entre os dois países. Ele afirmou que Brasil e Moçambique compartilham mais do que a língua: “uma irmandade que nasce da luta, da cultura e do sonho de liberdade”.
O presidente ressaltou que o Brasil deve ao continente africano parte essencial de sua identidade — “a cor, a música, a fé, a alegria e o modo de ser” — e disse que, ao voltar à África, sente-se “voltando para casa”.
Grande parte do discurso foi dedicada à defesa da educação como pilar do desenvolvimento e da democracia. Lula lembrou que Moçambique apostou desde cedo na formação de professores e afirmou que Paulo Freire deixou marcas profundas no país. “Ele nos mostrou que a verdadeira educação deve ser libertadora: não apenas ensinar a ler as palavras, mas a ler o mundo”, disse.
O título recebido — em Ciência Política, Desenvolvimento e Cooperação Internacional — foi dedicado também a educadores brasileiros e moçambicanos que, segundo ele, “mantêm viva a chama do conhecimento e da liberdade”.
Expansão do ensino superior no Brasil
Lula fez um balanço das políticas educacionais de seus três mandatos e dos governos do PT. Segundo ele, foram criados 610 institutos técnicos; 190 extensões universitárias; 18 novas universidades federais; além de 47 hospitais universitários que estarão em funcionamento até 2026, com outros quatro em construção.
Também destacou a criação da primeira universidade indígena e da futura universidade do esporte. Ao mencionar sua própria trajetória, lembrou que o Brasil, historicamente, reservou o ensino superior à elite. “Foi preciso que um metalúrgico sem diploma universitário chegasse ao poder pelo voto popular para mudar essa realidade”, afirmou.
Lula mencionou políticas recentes, como o programa Pé-de-Meia, que garante depósitos mensais a estudantes de baixa renda, e reafirmou o compromisso de aproximar jovens africanos do ensino superior brasileiro, citando o Pec-G e a Unilab como “pontes vivas sobre o Atlântico”.
Ele lembrou ainda que o Brasil deixou novamente o Mapa da Fome da ONU em 2025, após ter retornado ao índice em 2023. “A fome não é falta de comida: é falta de justiça”, declarou, criticando sistemas econômicos que concentram renda e oportunidades.
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Ricardo Stuckert / PR











