Esta sexta-feira (22) foi marcada pela reativação de um importante programa do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF): o projeto cão-guia de cegos. Com a inauguração de um novo Centro de Treinamento de Cães, no Setor Policial Sul, o serviço ocupa um patamar de referência nacional na formação de cães de assistência, em um espaço que vai preparar os animais para auxiliar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficientes visuais, além de promover a inclusão social e o bem-estar animal.
Na cerimônia desta sexta, oito filhotes foram entregues a famílias socializadoras, responsáveis por acompanhar as primeiras etapas de socialização e educação dos cães. O comandante-geral do CBMDF, coronel Moisés Alves Barcelos, destacou o esforço para reativar o projeto: “Hoje conseguimos entregar o canil e contar com uma legislação de suma importância. Quem ganha é a sociedade, que terá profissionais capacitados e pessoas assistidas com qualidade”, destacou.
O novo centro também terá papel importante na capacitação de mão de obra. Dez alunos de escolas cívico-militares vão iniciar um curso de adestramento, que segue até dezembro. Os estudantes receberam kits com apostila, mochila e materiais de apoio.
Formação de base
O major João Gilberto Silva Cavalcanti coordena o projeto e explicou que os cães ficarão com as famílias socializadoras durante 10 meses para a adaptação. Segundo o militar, a equipe do CBMDF fornece todas as orientações e suporte necessários para que o filhote aprenda o momento de cada coisa, desde interações até as necessidades fisiológicas. Os cães também precisam frequentar todos os locais em que o cego pode querer acessar, seja metrô, avião, supermercado e até parque de diversões. Depois da ambientação, a corporação completa o treinamento e entrega os animais aos novos tutores.
“O cão consegue ser os olhos, dar independência e mobilidade. Vai ajudar várias pessoas que precisam, além de proporcionar uma condição melhor para os alunos das escolas públicas cívico-militares com esse curso profissionalizante, que é o de adestramento. As crianças vão receber um certificado e depois, se quiserem, poderão utilizar isso de alguma forma no futuro”, reforçou o bombeiro.
Entre as famílias socializadoras está a da servidora pública Roseliza Honda, 51 anos, que recebeu o cãozinho Arcos. Ela mora com o esposo e as duas filhas no Lago Norte e participou do projeto há quase 20 anos. Para a família, a experiência foi determinante para se candidatar novamente. “A maior diferença é ver o resultado lá na frente, quando o cão termina a formação, fica bem adaptado e você vê ele dando mobilidade e mudança no estilo de vida daquela pessoa que não tem visão”.
Roseliza acrescenta que a família se apega ao cãozinho, claro, mas desde o início sabe que ele está ali temporariamente. “Fazemos o melhor, amamos do mesmo jeito, só que a gente sabe que uma hora ele volta para o centro de treinamento para ser formado e um dia vai encontrar uma pessoa que é a cara metade dele. É uma oportunidade de se doar e auxiliar aquele que realmente vai precisar”, relatou. A servidora ressaltou, ainda, a importância da conscientização sobre o papel dos filhotes em treinamento: “Muitos estabelecimentos barram a entrada do cão porque não entendem que a lei também respalda os filhotes em formação. É preciso mais informação e respeito para que esse processo funcione”.
O aposentado Justino Bastos, de 53 anos, já participou do projeto no passado com dois cães de assistência e atualmente está em seu terceiro cão-guia. Com o labrador preto Forró ao lado, Justino aponta como o companheiro de quatro patas mudou sua rotina. “É maravilhoso. O cão desvia dos obstáculos, dá mais segurança e também proporciona inclusão social. As pessoas se aproximam para conversar, querem saber sobre o cão. Isso muda muito a qualidade de vida. É de grande importância a reabertura desse projeto aqui no DF, a gente fica muito feliz com a possibilidade de outras pessoas terem essa oportunidade”.
Por Resenha de Brasília
Fonte Agência Brasília
Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília