A história do casal Maria Ivanildes de Sousa, 79 anos, e Francisco Neves, 85, além de longeva, é de aquecer o coração. Primos em terceiro grau, casados há 60 anos e com seis filhos, somente no último sábado (30/9) eles realizaram o sonho de uma cerimônia com direito à festa, trajes a rigor — vestido de noiva e terno — e camiseta com a estampa do casal. É que na juventude, tiveram que se casar em segredo.
Tudo começou em 1964, no bairro Morro da Esperança, em Teresina (PI), onde moravam as famílias do casal. Em um domingo ensolarado, Francisco acompanhou Maria em uma visita à casa da irmã dele. No caminho, deu um beijo na amada. Naquele momento, ele não fazia ideia de que viveriam juntos para o resto de suas vidas.
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Nesse dia, os dois deram início a uma história digna de um romance. Começaram a namorar. Seis meses depois, em 30 de agosto, Francisco, aos 24 anos, pediu a mão de Maria, então com 19. Porém, a mãe da noiva desaprovou. Mesmo assim, casaram-se escondido, foram morar juntos e construíram uma família.
Francisco trabalhava como tratorista e Maria era costureira. Mas Francisco tinha uma ambição, mudar-se com a família para a recém-construída capital do Brasil.
Em 11 de julho de 1968, Francisco falou para Maria arrumar as malas, pois iriam começar uma nova vida, em outra cidade, com os dois filhos. “Faz 57 anos que estamos aqui. Quando chegamos, tudo isso era mato. Morar aqui é a realização de um sonho, é lindo ver como a cidade mudou. Presenciar a construção de todos aqueles prédios enormes era algo que eu jamais pensei que veria”, diz Francisco.
O Gama foi a região que acolheu o casal piauiense, que mora lá desde que desembarcou no Distrito Federal. “Estamos muito felizes de viver aqui, de ter nossa própria casa e, agora, comemorar nosso aniversário casamento”, disse Maria.
Para o casal, que teve mais quatro filhos na capital, o segredo da felicidade por todos esses anos está no perdão e companheirismo. “Para mim, o homem tem que ser parceiro da mulher, e vice-versa. O mais importante é enfrentar as divergências e os problemas juntos.”, ressalta Maria.
“Acho que a virtude fundamental para todo relacionamento é a de perdoar. Se alguém merece um troféu, com certeza é ela (Maria), por estar sempre comigo nas boas e nas más horas. Tem que ter muito respeito e determinação para que se construa um relacionamento saudável”, complementa Francisco.
Hobbies
Aposentados, eles hoje têm mais tempo para hobbies. Para Francisco, poucas coisas são melhores do que cuidar das árvores e dos pássaros nos arredores da casa. “Todos os dias, eu coloco comida para os passarinhos, uma vez pela manhã e outra à tarde. Às vezes, fico de olho para impedir que outros bichos ataquem os pássaros enquanto estão comendo. Aqui tem muito mico e gatos que acabam atacando de vez em quando. Também plantei algumas árvores, aqui têm abacateiro, jaqueira, jabuticabeira, e outras”, conta.
Além da paixão pela natureza, Francisco também relembroa seus tempos no futebol. “Sempre gostei muito de praticar esportes, mas o futebol era o meu favorito. Ainda no Piauí, eu costumava jogar de goleiro em algumas equipes amadoras da época. Até joguei um tempo no Piauí Esporte Clube. Em Brasília, até joguei um tempo em alguns times das construtoras da década de 1960 e 1970. Joguei no Rabello (construtora) por um tempo, lá a gente jogou muito no Estádio Defelê na Vila Planalto“, recorda.
Maria segue com sua máquina de costura, embora como passatempo. “O que eu mais gosto de fazer é costurar, sempre estou fazendo algum remendo. Faço barra de calça, coloco zíper e conserto algumas roupas que estão furadas. Antes, eu fazia paletós também, mas hoje em dia eu cuido mais dos remendos mesmo”, destaca.
Celebração
E enfim, o tão aguardado casamento. Foram 60 anos esperando a comemoração de um momento tão especial. Francisco não segurou a emoção. “Queremos agradecer a todo mundo que esteve presente nas nossas vidas ao longo desses 60 anos. Todos fazem parte da nossa história e fizeram a gente se sentir em casa aqui no DF”, disse. “Nós não imaginávamos que a nossa festa de 60 anos de casados seria tão linda e cheia de emoções, ficamos maravilhados com cada detalhe. Estamos muito felizes, por todas as pessoas que se fizeram presente neste momento de tamanha alegria.”, completou.
Também emocionada, Maria agradeceu a presença de todos que participaram da festa. “Amigos, parentes, todos têm um lugar guardado em nossos corações. Quero agradecer aos meus filhos Júnior, Welington, Rita, Washington e Audrey e a toda família pela presença que, para nós, foi muito importante.” “Deus nos permitiu chegar até aqui e comemorarmos essa união de 60 anos de casados, mas sem vocês (convidados) nada disso seria possível”, enfatizou.
Marquilene da Silva, nora de Francisco, foi uma das organizadoras da festa. “A cerimônia foi perfeita, é lindo ver um casal com tanta história comemorando 60 anos de casados. Tiveram seis filhos e tantos netos — mais de 10 — e bisnetos, não dá nem para contar nas mãos (risos). Espero que venham mais aniversários de casados, de 70, 80 anos, em diante”, concluiu.
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Material cedido ao Correio