O ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa se pronunciou, nesta sexta-feira (21/11), sobre as investigações da Polícia Federal (PF) na Operação Compliance Zero, que levaram a Justiça a afastá-lo da presidência da instituição e o governador Ibaneis Rocha (MDB) a demiti-lo definitivamente. A operação investiga movimentação de R$ 12,2 bilhões investidos pelo BRB na compra de créditos falsos do banco Master, como suposta estratégia da instituição brasiliense para comprar o banco paulista.
Por meio de nota, ele disse que vai colaborar com as investigações. “Informo que retornei ao Brasil, vou colaborar pessoalmente com a investigação e seguirei fornecendo todas as informações e esclarecimentos necessários para a completa elucidação dos fatos”, garantiu.
Quando a PF desencadeou a Operação Compliance Zero, que investiga emissão de títulos de créditos falsos e da qual o BRB é alvo, Paulo Henrique estava nos Estados Unidos, em compromisso profissional na Universidade de Harvard. Por ordem da Justiça, ele foi afastado do cargo por 60 dias. Porém, o governador Ibaneis Rocha (MDB) o demitiu no mesmo dia.
“Reconheço a importância das investigações em curso e reafirmo meu respeito às instituições. Tenho convicção de que sempre atuei na proteção e nos melhores interesses do BRB, seguindo padrões de mercado”, afirmou Paulo Henrique no comunicado. “Em observância aos deveres legais e ao sigilo, não comentarei detalhes do processo neste momento. Confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos à sociedade”, destacou o ex-presidente.
Substituição
Para o lugar de Paulo Henrique Costa, Ibaneis Rocha escolheu o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza. Com larga experiência no mercado financeiro, ele iniciou a carreira na Caixa em 1979 e presidiu o banco em 2018, ano em que o banco alcançou lucro recorde de R$ 12,7 bilhões, o maior da história.
Nelson também chegou a presidir a Brasilcap, o Banco do Nordeste e o Banco Desenvolve SP. Na Caixa, ele passou também pelos cargos de diretor-executivo de Gestão de Pessoas, chefe de gabinete da presidência, superintendente nacional da Região Nordeste e do FGTS. Ao ser convidado por Ibaneis para assumir o BRB, Nelson estava no cargo de vice-presidente da Elo, empresa do setor de cartão de crédito.
O Conselho de Administração do BRB aprovou o nome do indicado por Ibaneis, mas, antes de ser empossado, Nelson precisará passar pela tradicional sabatina na Câmara Legislativa do DF (CLDF), que acontecerá na próxima terça-feira. O indicado será sabatinado primeiramente na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) e, na sequência, irá para o plenário.
Perguntado sobre o que espera da próxima gestão do BRB, Ibaneis Rocha disse ao Correio que está confiante no seu indicado. “Espero eficiência para fazer o BRB continuar crescendo e dar apoio total às investigações. (Eles) têm carta-branca para montar uma diretoria do tamanho que o banco precisa”, afirmou sobre a nova gestão.
Também em nota, o BRB destacou que “dos R$ 12,76 bilhões divulgados pela imprensa, e referentes à exposição bruta de carteiras com documentação fora do padrão exigido, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos, e o restante não constitui exposição direta ao Banco Master.
Segundo o banco, é importante ressaltar que o BRB atua como credor na liquidação extrajudicial (do Master). “As carteiras atuais seguem padrão adequado, e o banco permanece sólido e colaborando com as autoridades”. Atualmente, o BRB possui, de acordo com a nota, mais de R$ 80 bilhões em ativos, mais de R$ 60 bilhões em carteira de crédito e registrou lucro líquido recorrente de R$ 518 milhões no 1º semestre, com margem financeira superior a R$ 2,3 bilhões, reforçando a solidez em 59 anos de atuação do banco.
CPI
Líderes do Bloco PSol/PSB na CLDF, deputado Fábio Felix, e do PT, deputado Chico Vigilante, apresentaram requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BRB. O objetivo da comissão seria investigar o envolvimento do banco no escândalo financeiro do Banco Master. Para que a CPI seja instalada, são necessárias oito assinaturas de deputados distritais. Até o fechamento desta reportagem, seis assinaturas tinham sido coletadas. Na Câmara dos Deputados, o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também coleta assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar as relações do Banco Master e o BRB.
Ibaneis Rocha classificou como eleitoreiras as tentativas de instalação de CPI. “Confio na investigação do Ministério Público Federal (MPF), nas auditorias do Banco Central do Brasil e sempre no Poder Judiciário. Esses pedidos não passam de movimentos políticos eleitorais. Mas a CLDF tem a independência”, afirmou.
Banco de Brasília
Criado em dezembro de 1964 pela Lei Federal nº 4.545, que reorganizou administrativamente o Distrito Federal, o Banco de Brasília (BRB) consolidou-se como a principal instituição financeira pública do DF. Segundo dados de 2024, o banco conta com mais de 10 milhões de clientes e tem o Governo do Distrito Federal como acionista majoritário, com 71,92% de participação. Além da operação no DF, o BRB também tem agências no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraíba. São 988 pontos físicos e a liderança no crédito imobiliário no DF (64% de market share), sendo o 5º maior banco do país nesse segmento e 2º entre os bancos públicos, apoiado por mais de R$ 72 bilhões em captações.
Por Resenha de Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Ag?ncia Bras?lia











