A tradicional celebração da Festa do Divino, em Planaltina, vai além dos festejos protagonizados pelos desfiles das folias nas ruas da cidade e do encontro das bandeiras vermelhas empunhadas por fiéis e peregrinos das sete paróquias da região. Os bastidores do evento mostram o trabalho nada fácil, mas repleto de fé e dedicação, dos centenas de voluntários presentes nas cinco cozinhas montadas, neste ano, para servir gratuitamente à comunidade. A alimentação é proveniente de doações dos organizadores e de colaboradores do evento.
Para se ter uma ideia, na última semana, na Cozinha da Folia de Rua, local próximo à igreja de São Sebastião, foram servidas 800 refeições durante dois dias, como conta o coordenador-geral do evento, Jalles Guimarães. “As cozinhas funcionam a semana toda, mas é aberta por dois dias ao público”, disse. No local, cerca de 30 pessoas se dividiam nas tarefas. Durante o evento, mais de 300 voluntários se dedicavam às várias atividades dos festejos.
Recebido pelo coordenador, o vice-governador Paco Britto, em meio aos devotos, foi conferir, neste sábado (4), as delícias do cardápio – arroz, feijão, carne cozida, farofa e salada –, para quatro a cinco mil pessoas. De acordo com Jalles, foram utilizados 12 caixas de 60 kg cada de arroz, e 10 de graviola e, também, 160 kg de feijão.
Paco Britto participou também do momento de orações, com a equipe da cozinha, diante de um altar com o Espírito Santo. “Sinta-se abraçado pelo povo de Planaltina”, disse Jalles, após agradecer ao vice-governador pela presença e pelo apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) à família do Divino Espírito Santo.
Paco retribuiu, ratificando a importância da tradição cultural, religiosa e turística da festa em todo o DF. “É uma festa de tradição, que saúda o Divino Espírito Santo, e é importante para o calendário de Brasília”, pontuou.
Para Jalles, que é servidor da Secretaria de Agricultura, a festa representa tudo: “O Divino Espírito Santos inspira e sopra nos lugares que mais necessitamos. Estamos aqui em prol do Espírito Santo e da igreja”, frisou, lembrando que os voluntários são funcionários públicos que abraçaram a festa por “amor, dedicação e pela entrega, não só física, mas emocional também”.
Emoção esta que estava presente na família de Jamilson Oliveira, proprietário de loja de móveis na estância. Acompanhado de sua esposa Gleyce Tatiele e da filha de colo de quatro meses, o morador do Jardim Roriz era só alegria. “Gosto da tradição. Tenho fé. Por isso, todos os anos eu venho com minha família”, revelou, apontando para sua mãe, 53 anos, que rodava pela cidade atrás da folia.
Para Jamilson, foi difícil esperar pela festa, que foi suspensa presencialmente, em 2020 e 2021, devido à pandemia da covid-19. A tradição foi alterada e a festa teve que ser reinventada com ações solidárias, entre outras atividades. “Senti falta. Estava com saudades. É uma festa de família”, observou, acrescentando ainda que irá à missa, amanhã, domingo (5), às 10h, oportunidade em que os atuais foliões passam a bandeira para os líderes do próximo ano.
Cortejo
O cortejo da Paróquia de São Sebastião foi recebido, na cozinha, com palmas e fogos de artifício por Paco Britto, pelo coordenador e sua equipe por volta das 11h. À frente, estavam os casais coordenadores – os imperadores e os foliões de rua – levando o simbolismo da festa: o Divino Espírito Santo, a bandeira, a coroa, o cedro e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Ao longo das cinco horas em que esteve na cidade mais antiga do Distrito Federal, Paco também participou do Encontro das Bandeiras, formada por centenas de cavaleiros devotos do Divino Espírito Santo, ápice do encerramento da folia, oportunidade em que os fiéis e peregrinos das sete paróquias da região desfilam pelas ruas da cidade em direção à igreja matriz São Sebastião.
Pentecostes
A Festa do Divino mescla elementos culturais e religiosos durante dez dias, no período que antecede à solenidade de Pentecostes – realizada no domingo, 50 dias após a Páscoa –, abrilhantado pelo cortejo imperial, novenas, ceias e também pela distribuição de doações aos mais necessitados. A festa é considerada patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal.
Para receber os milhares de fiéis e turistas que acompanham o cortejo dessa tradição, que já perdura há 140 anos, as paróquias da cidade mais antiga do Distrito Federal abrem, todo ano, as suas portas aos visitantes.
Por Agência Brasília com informações de PH Paiva
Foto: Jaqueline Husni