Pratos, caixas, potes, roupas, latas e outros itens em excesso amontoados em um espaço de uma residência sinalizam que ali pode morar uma pessoa com o transtorno de acumulação. Trata-se de uma síndrome mental que se caracteriza pela aquisição e pelo acúmulo de objetos, mesmo sem utilidade dentro ou nos arredores de casa. O indivíduo com a síndrome é incapaz de descartar os materiais por medo e insegurança.
“A acumulação compulsiva é uma psicopatologia, e a tentativa de retirar os objetos da casa da pessoa pode gerar bastante angústia e estresse. O aconselhável é solicitar ajuda de profissionais de saúde para abordagem adequada a tais pessoas” Rúbia Marinari Siqueira, psicóloga e gerente de Normalização e Apoio em Saúde Mental da Secretaria de Saúde
Além de ser uma doença que merece atenção e tratamento, o fato pode resultar em uma situação de saúde pública, como a formação de criadouro do mosquito Aedes aegypti e o abrigo de animais que representam o risco de transmissão de doenças, como ratos e pombos.
“A acumulação compulsiva é uma psicopatologia, e a tentativa de retirar os objetos da casa da pessoa pode gerar bastante angústia e estresse. O aconselhável é solicitar ajuda de profissionais de saúde para abordagem adequada a tais pessoas”, explica a psicóloga e gerente de Normalização e Apoio em Saúde Mental da Secretaria de Saúde, Rúbia Marinari Siqueira.
No Distrito Federal, as pessoas com transtorno de acumulação podem buscar ajuda nas unidades básicas de saúde (UBSs) – que farão o encaminhamento – ou diretamente nos centros de Atenção Psicossocial (CAPs).
“Para evitar esses problemas de saúde pública, a população deve realizar a limpeza em seu quintal semanalmente e destinar os lixos ao SLU. Todavia, os casos de acumuladores exigem do Estado e da família um trabalho complexo por um período longo” Laurício Monteiro Cruz, diretor substituto de Vigilância Ambiental em Saúde
“São serviços especializados de saúde mental inseridos na comunidade e que funcionam de porta aberta. Ou seja, não é necessário encaminhamento para ser acolhido neste serviço”, afirma a psicóloga. “Mas é importante esclarecer que não há resoluções imediatas, devendo considerar que se trata de um processo passo a passo e de longo prazo, inclusive com intervenção de profissionais de diferentes setores, como saúde, justiça, assistência social, entre outros”, acrescenta.
Perigos do acúmulo
O acúmulo de objetos em excesso pode aumentar o risco de transmissão de doenças. De acordo com o diretor substituto de Vigilância Ambiental em Saúde, Laurício Monteiro Cruz, os materiais acumulados podem se tornar espaço para o surgimento do Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika, chikungunya, febre amarela urbana e outras arboviroses -, além de abrigo para animais como ratos (transmissores da leptospirose), baratas, pombos, escorpiões, entre outros.
“Para evitar esses problemas de saúde pública, a população deve realizar a limpeza em seu quintal semanalmente e destinar os lixos ao SLU. Todavia, os casos de acumuladores exigem do Estado e da família um trabalho complexo por um período longo”, comenta.
O DF conta com 18 CAPs de todas as modalidades distribuídos pelas regiões de saúde do DF. Procure o mais perto no site da Secretaria de Saúde
No caso das pessoas com o transtorno, a psicóloga Rúbia Marinari Siqueira esclarece que há uma dificuldade em eliminar os objetos porque, “na visão do acumulador, os inservíveis não são resíduos e descartáveis, são bens essenciais para a sua vida”.
“A limpeza da residência somente funciona em curto tempo, pois em alguns dias o indivíduo volta a recolher novos objetos e esse acúmulo faz o ambiente se tornar sujo, insalubre, intransitável e perigoso, tanto dentro de casa quanto nas áreas externas, quintais e até porções de calçada, local público”, complementa.
Atualmente, o DF conta com 18 CAPs de todas as modalidades distribuídos pelas regiões de saúde do DF. Procure o mais perto no site da Secretaria de Saúde.
Por Agência Brasília
Foto: Divulgação/ Administração de Samambaia / Reprodução Agência Brasília