Não são apenas os seis complexos de viadutos que estão sendo construídos a toque de caixa ou as diversas obras viárias realizadas pelo GDF que irão destravar o trânsito no Distrito Federal, mas o planejamento a médio e a longo prazo para integrar as opções de mobilidade e a ampliação do transporte público. É o que destaca o presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF), Fauzi Nacfur Júnior, em entrevista ao Jornal de Brasília.
Ciente de que os viadutos são alternativas “pontuais”, segundo ele próprio definiu, para reduzir os engarrafamentos enfrentados diariamente pelo brasiliense e pelos moradores do Entorno, o gestor público admite ser um grande desafio para o órgão que administra, elaborar projetos para atender uma frota de quase 2 milhões de veículos motorizados. “São milhares de emplacamentos mensalmente. Como gestor, precisamos pensar grande, em todos os modais, e incentivar o transporte coletivo”.
De acordo com ele, há projetos de BRTs em andamento, corredores exclusivos de ônibus, expansão do metrô e outros investimentos no transporte público para oferecer mais agilidade e comodidade ao usuário.
“As cidades são dinâmicas e todos os dias você vai precisar fazer um ajuste, criar uma nova situação, como reversão de trânsito, faixas exclusivas, ciclovias, calçadas, tudo para integrar o que chamamos de mobilidade sustentável: unir o pedestre, o motociclista, o ciclista, veículos motorizados leves, caminhões e o transporte coletivo”, diz.
A mobilidade urbana é um tema que vem sendo incluído cada vez mais na política pública na medida em que a população aumenta e a urbanização avança nas grandes cidades do país. Sobretudo na capital federal, concebida para os carros e que não abre mão do modelo focado no veículo pessoal.
A rejeição histórica ao transporte público pelo brasiliense, que o considera caro e ineficiente diante da demanda, estimula as pessoas a usarem o automóvel como forma de garantir seu deslocamento de “porta a porta”. Essa cultura do carro entope as vias e cria um ambiente muitas vezes hostil e violento.
Integrar todos os modais de transporte e garantir um transporte público acessível e com mais qualidade são, portanto, a solução para inibir o uso do automóvel.
“É um grande desafio promover um trânsito seguro para pedestres, ciclistas e motoristas, mas com fluidez. E é sempre difícil ajustar essas duas variáveis (segurança e fluidez) na malha viária.
Fauzi Nacfur Júnior enumera outras ações que o DER/DF tem executado nos últimos anos para minimizar congestionamentos e sinistros no trânsito. Segundo ele, além dos viadutos e da construção dos BRTs, as duplicações entre a DF 001 e a BR-080 (Taguatinga a Brazlândia) e na DF-140 (Alphaville) vão garantir mais segurança e comodidade ao brasiliense.
Epia
Moradores do Gama e, principalmente, de Santa Maria e do Entorno Sul (Valparaíso, Cidade Ocidental, Jardim Ingá) sofrem todos os dias com engarrafamentos, em ônibus lotados, na ida ao trabalho e na volta para casa.
Indagado se haveria alguma solução para desobstruir a Epia Sul nos horários de pico para facilitar a vida dos moradores daquela região, Fauzi revela que existe um projeto de construção de uma via marginal que vai ligar o monumento do “chifrudo”, no Valparaíso, até Santa Maria (até o trecho logo depois do posto da Polícia Rodoviária Federal). “Por se tratar de uma rodovia que está sob concessão, que é a BR 040, a gente não pode mexer sem pelo menos autorização deles. Mas fizemos uma parceria entre o DER e a concessionária, com interferência de alguns deputados da região, e conseguimos viabilizar a marginal”.
Segundo ele, o projeto da marginal fica pronto em um mês. Depois segue para a fase de captação de recursos para, então, iniciar a obra nos próximos meses. “Parte do trânsito será segregado e vamos eliminar aquele ponto de entroncamento que existe ali na saída de Santa Maria, no viaduto”, completa.
Ciclovia
Fauzi Nacfur Jr. acrescentou ainda que já existe um projeto pronto de ciclovia que vai ligar o Catetinho até o Colorado. “Toda a Epia de bicicleta. Isso prova que estamos focados na integração dos modais”.
Sobre a construção das ciclovias que ligam as estâncias até o Arapoanga e o Arapoanga até o Vale do Amanhecer, na Região Norte do DF, ele garantiu que a execução das obras está na programação do órgão. “Esses dois trechos estão na beira das rodovias DF-128 e DF-230. Os projetos já estão praticamente definidos e agora é executar. Mas temos 5 turmas apenas no DER/DF para atender várias demandas. Podemos garantir, no entanto, que está em nossa programação e vai sair ainda esse ano”, prometeu.
Por Afonso Ventania do Jornal de Brasília
Foto: Reprodução Jornal de Brasília