ONG constrói casas emergenciais para pessoas em vulnerabilidade

Com evento aberto ao público na UnB, nesta quinta-feira (23/5), projeto internacional que atua no Brasil há 18 anos quer conscientizar a sociedade de que ter uma casa para viver não é privilégio. No DF, a TETO Centro-Oeste ergueu moradias em assentamento de Sobradinho

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Análises do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) mostram que o deficit habitacional — moradias em condições precárias — na capital é de 100.701 unidades. O número corresponde a cerca de 10% das mais de 963 mil residências estimadas para o DF, com base na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021.

Pensando em minimizar esse cenário, a organização não governamental TETO Centro-Oeste atua na construção de moradias emergenciais e, na capital do país, a comunidade escolhida foi o Assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho. De acordo com a gestora da TETO Centro-Oeste, Victoria Barreto, o projeto chegou ao DF em agosto do ano passado e foram construídas cinco casas no assentamento.

“A gente acredita que, no momento em que a pessoa consegue sair de uma situação precária, ela tem um ‘respiro’ para correr atrás de outros objetivos e, assim, conseguir uma moradia definitiva”, avalia. “Sou arquiteta de formação e entrei na ONG há dois anos. Para mim, trabalhar com um público de baixa renda faz com que eu me sinta mais realizada, tanto profissionalmente quanto pessoalmente”, destaca Victoria.

Segundo ela, o projeto parte agora para Goiás, mas deve retornar à capital federal. “A previsão é de voltar para o DF no fim do ano, construindo de sete a 10 casas, em outro local”, detalha. “Temos uma equipe que está fazendo um mapeamento das comunidades para, em seguida, definirmos aquela que está com maior urgência”, acrescenta.

A gestora comenta que a TETO é uma organização internacional, mas atua no Brasil há 18 anos. “Tudo começou no Chile, quando um grupo de voluntários foi em uma comunidade para construir uma igreja, mas, chegando lá, viram que a necessidade não era essa, conversando com os moradores, mas de residências”, explica. No Brasil, foram construídas, até agora, 4.909 moradias de emergência pelo projeto.

Conscientização

Nesta quinta-feira (23/5), às 15h, haverá um painel intitulado Políticas Habitacionais e Sociedade Civil: Caminhos para a Transformação. O evento, aberto ao público, será no Auditório Azul da Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas (FACE) da Universidade de Brasília (UnB) e terá a participação de representantes do Ministério das Cidades, da Frente Parlamentar dos Centros Urbanos e da Embaixada do Congo. Victoria Barreto adianta que a ideia do encontro é mostrar a realidade do deficit habitacional. “Queremos que a população entenda, trazendo pessoas com conhecimento do assunto, que a moradia é um direito e não um privilégio”, enfatiza.

O painel também aproveita o momento para dar luz ao projeto, chamar voluntários e coletar recursos para continuar as construções. Para a gerente de Pessoas e Voluntariado da TETO Brasil, Raffaella Souza, a mobilização é o primeiro passo para conseguir viabilizar toda a construção da proposta de moradias emergenciais.

“Neste ano,  especificamente, queremos muito trazer a pauta moradia, pois ela é o primeiro lugar da pessoa no mundo”, observa. “Quando se nasce em um barraco com chão de terra batido, que tem paredes feitas de papelão e resto de guarda-roupa, isso é claramente uma violação de um direito humano básico”, afirma Raffaella.

Atuando há 18 anos no Brasil, a TETO impactou mais de quatro mil famílias e ergueu cerca de 300 projetos de infraestrutura comunitária. “Damos esse primeiro passo para que as pessoas consigam, cada vez mais, se desenvolver e sair desse ciclo de pobreza”, ressalta a gerente da TETO Brasil. “A pessoa que não tem uma casa digna não consegue ter cabeça ou ter estruturas para trabalhar, estudar e, realmente, sair dessa situação de vulnerabilidade”, completa Raffaella.

Por Arthur de Souza do Correio Braziliense

Foto: Divulgação/TETO Centro-Oeste / Reprodução Correio Braziliense