Nesta segunda-feira (25/11), se celebra, o Dia Nacional dos Doadores de Sangue. A data, instituída em 1964, homenageia aqueles que, em um ato de solidariedade, dispõem-se a ajudar quem precisa.
Muitos pacientes, por diferentes motivos — cirurgias, sangramentos inesperados, lesões graves etc. —, dependem das doações sanguíneas para manter sua saúde estável. “As transfusões são fundamentais para salvar vidas, prevenindo casos de hemorragias em acidentes e melhorando a qualidade de vida de quem sofre com anemia falciforme, insuficiência renal crônica e outras doenças hepáticas”, explicou o hematologista Felipe Furtado.
Ailton David Cabral, 79 anos foi um dos que teve essa necessidade. Em 2003, devido a um erro médico em uma operação, precisou receber uma transfusão emergencial. “O médico errou e cortou uma artéria. Foram necessárias 60 bolsas de sangue para estabilizar meu marido. Conseguimos cerca de 123 doadores. Se não fosse esse movimento solidário, ele não teria sobrevivido”, relatou Maria Celina Rettore, 79.
Inovações
A medicina tem avançado bastante nas transferências sanguíneas, na opinião de Furtado. “Existe um programa para reduzir a necessidade transfusional em procedimentos cirúrgicos, chamado Gerenciamento de Sangue do Paciente. Caracteriza-se, entre outras condições, por identificar e tratar anemia antes de cirurgias e utilizar técnicas que reduzam o sangramento durante e após o procedimento”, comentou.
No ano passado, Thomas Caitano, 4, precisou de doações de sangue após ser picado por um escorpião. O menino ficou 100 dias numa unidade de terapia intensiva (UTI) e precisou de cerca de 20 cirurgias e cinco transfusões. “Falaram para a gente que ele precisaria de transfusão porque o coração estava muito fraco e, além disso, estava sendo submetido a hemodiálise. Foi assustador porque escutar o termo ‘transfusão de sangue’ faz a gente achar que a pessoa está muito mal, e ele estava. Mas, se não tivesse recebido o sangue, ele não iria aguentar” relembrou Adriana Caitano, mãe do menino.
Segundo ela, o hospital em que seu filho ficou internado não fazia campanhas frequentes para contar com a ajuda de doadores de sangue. Isso a fez considerar que a quantidade que Thomas utilizasse poderia fazer falta a outros internos. A saída que Adriana encontrou foi utilizar as redes sociais. A mobilização acabou beneficiando o garoto e a instituição. “Sabia que ele usaria o sangue e que outras pessoas iam precisar e teriam menos quantidade disponível”, disse, ressaltando que, no primeiro dia de campanha, houve cerca de 200 doações.
Estado crítico
Neste ano, o Hemocentro de Brasília recebeu 49.574 doações de sangue, número 31,38% menor comparado às obtidas do mesmo período de 2023. Segundo a entidade, o tipo sanguíneo em menor nível é o O, tanto negativo quanto positivo. Além disso, o tipo B também está em estado crítico, assim como os AB-, A e A-. Em situação regular, só AB .
A meta de coleta que a instituição considera ideal é a de 180 bolsas de sangue diárias para todos os tipos. Porém, isso não tem sido alcançado. No primeiro semestre, a média chegou a 110 bolsas de sangue.
O hematologista Felipe Furtado ressaltou que, além de necessária, as coletas são procedimentos bastante seguros: “Os materiais utilizados (seringas, agulhas, luvas) são descartáveis. O organismo (do doador) repõe o volume de sangue cedido em poucas horas, e as células são regeneradas em algumas semanas. Uma doação pode salvar até quatro vidas”.
Para doar sangue
Local: Fundação Hemocentro de Brasília — Setor Médico Hospitalar Norte (SMHN) – BL 3 – conjunto A — Asa Norte
Telefone para agendamento: 160 (opção 2)
Quem pode?
Pessoas saudáveis, entre 16 e 69 anos (menores de 18, precisam de autorização dos responsáveis com cópia do documento de identidade, com foto, dos tutores).
Requisitos
» Pesar mais de 51 quilos e ter índice de massa corporal maior ou igual a 18,5.
» Não consumir bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação.
» Não fumar até duas horas antes da doação.
» Estar bem alimentado e haver bebido muita água no dia anterior. Nada de jejum. Evitar alimentos gordurosos pelo menos 3h antes da doação.
*Estagiário sob supervisão de Manuel Martínez
Por Luiz Fellipe Alves do Correio Braziliense
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução Correio Braziliense