Chegadas as cores da primavera no DF

Depois de um período de forte seca, clima agradável da estação é o mais aguardado pelos brasilienses

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As chuvas tão esperadas pelos brasilienses chegaram trazendo consigo todo o frescor e cor da primavera. A estação de transição entre o inverno e o verão começa nesta quinta-feira, às 22h04, e se estende até às 18h48 do dia 21 de dezembro. 

Após o período seco e de calor intenso, os dias refrescantes são aguardados com ansiedade pelos candangos. “É minha estação do ano favorita. Acredito que pelo fato dela vir depois de um período seco, que afeta bastante nossa saúde. Eu sempre aguardo muito pela primavera”, comenta Amanda Viana, de 24 anos. “Pra mim, é a época do ano mais linda devido as cores que passamos a ver na cidade”, acrescenta a jovem. Para ela, a estação significa renovação e transformação.

Mudança de clima 

A primavera acarreta uma mudança no regime de chuvas e temperaturas no país. É um período de transição do clima seco e frio do inverno para o clima quente e úmido do verão. No DF, as chuvas passam a ser mais intensas e frequentes e começa o período de pancadas de água no final da tarde ou noite. A princípio, ela ocorre de intercalada com períodos secos, mas vai aumentando de frequência no decorrer dos dias, tornando o clima mais agradável. 

As mudanças começaram na última quinta-feira (15), quando a capital federal recebeu as primeiras chuvas após 131 dias. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chances de precipitação aparecem durante toda essa semana, sendo, estas, isoladas e podendo ocorrer com rajadas de ventos e granizo. “Nesse período, a umidade sobe chegando a 90% de manhã e podendo atingir 35% à tarde, e não volta mais a ficar em níveis perigosos, como foi nos últimos dias do inverno”, afirma Andrea Ramos, meteorologista do Instituto. Os termômetros marcaram 37,1°C na estação do Inmet na região de Águas Emendadas, em Planaltina, e a umidade do ar ficou em 12%. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é 60%.

A temperatura mais agradável motiva Amanda. “Me dá mais disposição para fazer as coisas, para realizar minhas atividades do dia, de acordar mais cedo… coisas que não tenho vontade de fazer no período seco e exageradamente quente”, comenta a moradora de Planaltina DF. Segundo a autônoma, é uma fase de muito equilíbrio, tanto climático como emocional. 

Assim como ela, Maria Luiza Pena também é apaixonada por essa época do ano. “A cidade fica mais bonita, mais colorida e as pessoas parecem até que ficam mais belas”, brinca. “Não há dúvidas de que é o período mais esperado pela grande maioria das pessoas”, acredita a estudante de direito. Além dos Ipês coloridos que embelezam a cidade, a “estação das cores” é também uma oportunidade para observar os animais polinizadores, como os beija-flores e as abelhas, que aumentam suas atividades, e fazem crescer o ciclo reprodutivo dos vegetais. “Na minha casa aparecem muitos pássaros nesse tempo, e as plantas começam a dar mudinhas lindas”, compartilha Maria. 

De acordo com o biólogo Eduardo Bessa, nos ambientes temperados, como a Europa e os Estados Unidos, as estações são bem diferentes daquilo que estamos acostumados em Brasília, com um verão quente, um outono com folhas vermelhas caindo, um inverno todo branco coberto de neve e uma primavera cheia de flores. “A primavera no Cerrado é muito menos marcada do que nos climas temperados, mas ela se caracteriza pelo retorno paulatino das chuvas no clima do DF. Por conta de ter mais água, também tem mais recurso, mais energia, para a fauna e, principalmente, a flora”, pontua. “Em geral, seres vivos sempre usam a energia que sobra para crescerem e se reproduzirem. É por isso que nesse período temos muita reprodução logo no começo da primavera, os organismos que aproveitarem para se reproduzir agora ainda podem ter seus filhotes (ou mudinhas, se for uma planta) num ambiente mais úmido e cheio de alimento ou luz, como é o ambiente da estação chuvosa por aqui. Assim, esses descendentes poderão crescer num ambiente favorável antes que chegue sua primeira seca”, acrescenta o professor da Universidade de Brasília (UnB). 

É a partir disso que tem-se a floração do jacarandá roxo e dos cambuís amarelos, entre tantos outros. Andorinhas e tesourinhas migratórias chegam ao DF para nidificar, cigarras emergem do chão e começam a cantar, observamos revoadas nupciais de siriris e tanajuras. “É uma explosão reprodutiva”, afirma Eduardo.

Por Mayra Dias do Jornal de Brasília com informações de PH Paiva

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Reprodução Jornal de Brasília