Três novas aves, nascidas no Jardim Zoológico de Brasília, podiam passar despercebidas em meio a um plantel de cerca de 700 animais. Mas elas terão um papel importante na conservação da espécie e, logo, deixarão a capital. Trata-se de um trio de jacutingas (Aburria jacutinga) – espécie ameaçada de extinção no Brasil. Os filhotes foram concebidos em cativeiro e serão destinados, a partir de maio, ao Projeto Jacutinga, da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil).
Elas terão casa nova: um viveiro do projeto na Serra da Mantiqueira, em São Paulo, graças a um trabalho dedicado da equipe do Zoo. “Existe um studybook keeper da jacutinga, um material produzido por estudiosos que nos orienta sobre o perfil deste animal”, explica a diretora de Aves do órgão, Ana Cristina de Castro. “Com o sucesso reprodutivo que alcançamos, estamos colaborando com nossos filhotes para os projetos de fora. Se aptos, eles serão reintroduzidos na natureza”, acrescenta.
Não foi fácil. O zoológico da capital tinha um macho da espécie e, em 2018, recebeu o reforço de mais um casal e uma fêmea. Com as orientações do studybook, foram iniciadas as tentativas para a chegada dos filhotes. Os ovos não vingavam ou não eram chocados pelos bichos. Até que em outubro de 2022, nasceram os novos exemplares. “Este é um trabalho para que um animal como esse, ameaçado de extinção, não desapareça”, aponta a veterinária.
“O estudo realizado também nos orienta a colaborar com outras unidades. Por exemplo: estão precisando de uma jacutinga em São Paulo para reprodução. Se não for aparentada, enviamos”, reforça a chefe de Conservação e Manejo de Aves, Ranne dos Santos. Há a perspectiva de que, em breve, a técnica seja usada com outras aves do Zoo, como papagaios. Nos últimos três anos, nasceram cinco mamíferos ameaçados de extinção por lá, mas sem o uso da técnica. Três macacos (dois sauim-de-coleira e um bugio-de-mãos-ruivas) e uma anta.
As jacutingas
Com bico azul e penas negras, a jacutinga é da família dos cracídeos. Se assemelham a galinha-d’angola ou cocás, mais comuns em nosso meio. Habitam as florestas virgens das regiões Centro-Oeste e Sudeste. As aves são vítimas da caça predatória e do desmatamento, o que tem reduzido as suas populações.
Medem em torno de 75 cm e se alimentam de frutos, flores e insetos. O Zoo, nas próximas semanas, fará o exame de sexagem destes novos moradores temporários. Os outros dois casais da espécie podem ser observados no aviário central da unidade.
Por Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília / Reprodução Agência Brasília