São Silvestre, Volta da Pampulha e até campeonatos mundiais. Aos 51 anos, a professora Maria Alice Sousa acumula medalhas de participação em corridas e transforma a própria vida em um exemplo da importância da doação de órgãos. “Transplante significa vida”, comemora. Neste domingo (17), ela esteve no Parque da Cidade no evento promovido pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) em alusão ao Setembro Verde, campanha de conscientização sobre a doação de órgãos.
Há dez anos com um novo fígado, Maria Alice estava ali como um exemplo do sucesso dos transplantes. “Ser doador de órgãos é poder ajudar a escrever histórias”, afirma.
O Distrito Federal tem registrado aumento no número de doações: em 2022, foram 747 procedimentos e nos sete primeiros meses de 2023 foram 500. Porém, a meta é ampliar os números. “Cerca da metade das famílias dos potenciais doadores acabam recusando”, conta a diretora da Central Estadual de Transplantes (CET-DF) da SES-DF, Gabriella Christmann.
De acordo com os servidores da área, a maior causa de recusa às doações é a família não ter conhecimento de qual seria a vontade do parente falecido. “Tentamos em eventos como este tratar sobre o tema de maneira leve, para que as pessoas possam conversar em casa”, explica a diretora.
O vendedor de picolé Edson de Jesus, de 48 anos, por exemplo, aproveitou o dia de trabalho no Parque da Cidade para tirar algumas dúvidas. “Eu acho bem legal, porque a pessoa que faleceu não vai mais precisar dos órgãos”, opina. Ele disse que nunca conversou sobre o assunto com a família, mas ficou convencido a tratar a respeito do tema.
O evento também contou com rodas de conversas, serviços de aferição de pressão e de glicemia, ginástica laboral e música com um dueto do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF).
Solidariedade para salvar vidas
Qualquer pessoa de dois anos a 75 anos pode se tornar doador de órgãos, em caso de falecimento decorrente de morte cerebral, mais comum em casos como acidentes, quedas, acidente vascular cerebral e afogamento, dentre outras ocorrências. É necessário que estivesse em condições gerais de saúde adequadas, sem doenças como câncer, por exemplo. Se identificadas as condições adequadas para o procedimento, a família é convidada para uma conversa sobre o tema tão logo seja iniciado o protocolo de morte encefálica.
De acordo com a diretora da CET-DF, todos os procedimentos ocorrem com o máximo respeito ao doador, aos familiares e aos rigores técnicos. A morte encefálica, por exemplo, só é confirmada após a análise de dois médicos diferentes, além de exames comprobatórios. “O protocolo não deixa dúvidas”, explica. Uma única pessoa pode se tornar doadora de coração, dois rins, fígado e córneas.
Atualmente, cerca de 700 pessoas aguardam na lista por um transplante no DF, sendo a maioria por rins. Tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede complementar, o paciente entra na lista de transplantes por meio da inserção de seu nome no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), sendo os receptores selecionados por ordem cronológica, em função da gravidade ou da compatibilidade sanguínea e genética com o doador.
Com informações da Agência Brasília
Por Redação do Jornal de Brasília
Foto: Divulgação/Agência Saúde-DF / Reprodução Jornal de Brasília