Seguindo orientações do Ministério da Saúde, o Governo do Distrito Federal (GDF) ampliou a faixa etária para receber a vacina contra a dengue. Desde ontem, crianças a partir de 6 anos e adolescentes com até 16 anos podem tomar o imunizante. Antes, a vacina estava disponível para quem tem de 10 a 14 anos. A medida foi adotada por conta da baixa adesão à vacina Qdenga e porque os lotes enviados ao DF vencem em 30 de abril. No primeiro dia de ampliação do público-alvo, uma grande fila se formou no posto onde o imunizante está sendo aplicado, na Unidade Básica de Saúde (UBS) da 612 Sul.
As aplicações serão válidas até o fim do estoque de vacinas disponíveis, cerca de 2,8 mil doses. Para receber o imunizante, basta comparecer aos locais de vacinação com documento de identidade e caderneta de vacinação em mãos.
De janeiro até ontem, a Secretaria de Saúde (SES-DF), registrou 270 mortes por dengue e 220.493 casos prováveis da doença. Segundo a pasta, a campanha de vacinação foi iniciada na rede pública em nove de janeiro e, até agora, foram aplicadas 54.214 doses, cerca de 92% do total distribuído.
A psicóloga Bárbara de Oliveira, 47 anos, levou o filho Gabriel de Oliveira, 9, para a vacinação que estava ocorrendo na UBS da 612 Sul, onde estavam sendo aplicadas as doses que sobraram da vacina. Gabriel segue com o cartão de vacinação atualizado e Bárbara o levou ao posto por ter se assustado com a manifestação da dengue em outras crianças. “É uma doença de consequências graves e, por isso, eu acho extremamente importante ter a vacinação. Manter esse calendário ativo e as crianças vacinadas diminui o volume de atendimento nas UPAs e UBSs. Até por que esse é um dos objetivos do SUS, prevenir doenças” afirmou Oliveira.
O morador da Asa Sul Paulo Normando, 60, levou a filha Maria Paula, 7, para ser vacinada. O aposentado conseguiu a dose para a garota após aguardar cerca de três horas na longa fila de espera, na única unidade onde havia a oferta. Neste ano, Paulo havia presenciado a sobrinha contrair a dengue e recorrer ao posto para hidratação. Sensibilizado com o caso, ele ficou atento à ampliação do público-alvo para vacinar a filha. “É importantíssimo evitar esse tipo de transtorno para a criança. Levou um tempinho aqui, mas conseguimos”, afirmou, aliviado.
Atendimento
Algumas pessoas com sintomas da dengue enfrentam dificuldades para conseguir atendimento na rede pública de saúde. É o caso de Maria Conceição de Almeida, 68. A vendedora de roupas, moradora da Estrutural, relatou falta de tendas no local para atender sua neta, o que a fez procurar o Hospital de Campanha (Hcamp), em Ceilândia.
A menina, de 16 anos, reclama de febre e dores no corpo desde domingo, mas a família não conseguia atendimento. “Na segunda-feira, a mãe dela foi ao centro clínico e eles não atenderam”, disse a avó. Maria Conceição conta que, mesmo tomando remédio em casa, a neta se queixava de dores e a febre persistia. “Desde cedo que nós estamos atrás do socorro para essa menina, estamos nós três: a mãe e os dois avós”, relatou a avó, minutos antes de a neta ser atendida no Hcamp.
Por outro lado, algumas experiências com a espera no hospital têm sido mais positivas. O servidor público João Eudes dos Santos, 63, contou que foi atendido de forma rápida e efetiva. João Eudes disse que, nos últimos dias, sentiu febre, dor de cabeça, dor nas costas e tontura. Ele foi ao Hcamp e, em menos de uma hora, recebeu soro, medicação para dor e foi liberado para voltar para casa já sem dor e com mais remédios para tomar.
*Colaborou Henrique Sucena
*Estagiários sob a supervisão de Márcia Machado
Por Beatriz Mascarenhas e Carolina Braga do Correio Braziliense
Foto: Kayo Magalhães/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense