Audiência na CLDF debate transporte público para a UnB e o IFB

Aberta a toda a comunidade, a audiência foi importante para propor melhorias no transporte público coletivo nessas instituições

0
107

Acesso ao trabalho, à educação, ao lazer, entre outros. Esses são alguns dos direitos básicos possibilitados através do transporte público, ferramenta que é fundamental na vida da população.

Pensando nisso, e tendo como base a ótica do professor da UnB, Leonardo Ortegal, de que o estudante que sai mais cedo da aula para conseguir pegar o transporte e voltar para casa “deixará para trás, no mínimo, 30% do tempo que estava disponível para a sua formação”, a Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), realizou uma audiência pública sobre o transporte público coletivo para a UnB e IFB. O evento foi realizado nesta segunda (03), às 09h, no auditório da CLDF.

Aberta a toda a comunidade, a audiência foi, para o presidente da CTMU, deputado distrital Max Maciel, importante para propor melhorias no transporte público coletivo nessas instituições. “Precisamos ouvir a demanda dos estudantes para que o transporte público não seja uma problemática até na formação desses alunos. O transporte precisa atender a necessidade de todos e não privá-las de seus direitos”, explicou o parlamentar.

O evento contou com a participação de representantes da UnB e IFB, do Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE/UnB), do Movimento Passe Livre do Distrito Federal (MPL/DF) e membros do governo. A Comissão de Transporte de Mobilidade Urbana (CTMU) tem como membros os deputados distritais Fábio Félix (Psol), Gabriel Magno (PT), Pepa (PP) e Martins Machado (Republicanos).

Max Maciel iniciou o evento destacando a importância da audiência pública na coleta de informações para apontar soluções e melhorias no transporte para essas instituições e ressaltou outras medidas que estão sendo tomadas pela Comissão de Transporte. “Vamos solicitar aos IFs os dados das linhas, horários e onde mora a maioria dos estudantes. Com os dados em mãos, vamos apresentar um relatório para a Secretaria de Transporte e as empresas de ônibus para propor melhores caminhos, rotas e horários de fato eficientes para os estudantes”, afirmou.

Por sua vez, o membro da Comissão de Transporte, deputado distrital Fábio Felix (PSol), também ressaltou a importância da audiência pública em ouvir quem realmente vive a realidade do transporte público na capital. Como ele destacou, havia, no local, diversas autoridades presentes, e todo mundo precisava ouvi-los. “Precisamos desse momento de escuta qualificada para que isso possa gerar melhorias no transporte público da nossa cidade”, pontuou. “O transporte público não é feito para as empresas ganharem dinheiro, mas é feito para que as pessoas tenham direito à cidade. Esse é o modelo de transporte público que vamos defender”, continuou o parlamentar.

Como afirma Max Maciel, o próximo passo é juntar as solicitações dos campus da UnB e IFB com rotas e horários juntamente com a quantidade de alunos por RA. “Assim a gente vai conseguir apresentar um relatório para ampliação de demandas e mudança de horários. Essa necessidade surgiu dos próprios estudantes e dos professores”, explicou o parlamentar.

Como enfatizou Max, a cidade mudou a sua configuração a partir do momento que se tem 10 campus do IFB espalhados pelas cidades e um grande número de jovens periféricos ocupando as universidades. “Temos que pensar o transporte público para além de apenas trabalhar e voltar para a casa, mas que atenda a toda diversidade da cidade, as instituições de ensino e instituições de cunho cultural e de lazer, que fazem parte complementar aos estudos”, afirmou.

Ampliação do Passe Livre Estudantil

A importância da ampliação do passe livre estudantil foi destacada por diversos presentes na audiência. A reitora do Instituto Federal de Brasília (IFB), Luciana Massukado, aproveitou o momento e ressaltou que o estudante é estudante os 365 dias do ano. “Ninguém é urso para ficar hibernando nas férias ou nos domingos. Quando a gente fala do direito à cidade, a gente fala também do direito de viver à cidade”, argumentou.

Concordante a ela, o chefe de gabinete da reitoria da Universidade de Brasília (UnB), o professor Paulo César, defendou que o sistema de transporte como se constitui hoje é uma barreira ao exercício da cidadania, do acesso à cultura, à educação e à saúde. “Frequentar biblioteca, teatro e cinema também é parte da formação do estudante. O passe livre estudantil precisa garantir a plena formação dos nossos estudantes”, disse o professor.

Outros pontos abordados durante a sessão, além da ampliação do passe livre estudantil nas férias e fins de semana, foram demandas como as frotas diretas das regiões administrativas do Distrito Federal para a UnB e o IFB, a volta do intercampi na UnB e estender o passe livre para alunos do Entorno que estudam no DF.

Números do transporte no DF

Segundo Márcio Antônio, subsecretário de operações da Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF, há de se avaliar alguns números. De acordo com ele, mais de 6 milhões de estudantes utilizam o transporte público mensalmente. “Isso representa um fluxo diário de mais de 263 mil acessos. Nós temos mais de 250 viagens por dia da rodoviária do Plano Piloto para a UnB”, afirmou o subsecretário.

No entanto, mesmo com a maioria dos presentes defendendo a criação de linhas diretas das RAs para a UnB, Márcio Antônio afirmou que, no momento, não existe demanda para isso. “Temos que estudar a criação de linha diretas das RAs para a UnB a partir dos dados que forem levantados. Eu não tenho demanda que viabilize a criação de linhas diretas. Isso é oneroso para o sistema”, disse.

Por Mayara Dias do Jornal Brasília

Foto: Reprodução Jornal de Brasília